DIABETES MELLITUS E PERDA AUDITIVA: ANÁLISE PARCIAL DE UM ESTUDO PROSPECTIVO LONGITUDINAL
Guesser, V. M. ;
Padilha, F. Y. O. M. M. ;
Samelli, A. G. ;
Introdução: A Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) afeta diversos órgãos, incluindo o órgão de Corti, responsável pela audição. A microangiopatia coclear, neuropatia do VIII nervo e dano mitocondrial são consideradas três condições multifatoriais que podem levar a perda auditiva no DM2. A hiperglicemia, que ocorre principalmente devido a deficiência na ação da insulina, induz ao estresse oxidativo, inflamação e danos estruturais. A presença de receptores e sinalizadores de insulina e transportadores de glicose nas estruturas cocleares indicam possibilidade da influência dos mecanismos fisiopatológicos da DM2 na audição. As investigações do efeito do DM2 na audição mostram associação significativa porém ainda há controvérsias. A presente pesquisa tem como objetivo verificar a associação entre diabetes mellitus autorreferida e perda auditiva. Métodos: Estudo transversal com dados coletados entre 2022 e 2024, provenientes de um estudo prospectivo longitudinal realizado no Brasil. Foram coletadas informações relacionadas aos dados sociodemográficos (sexo e idade); presença de DM2 e hipertensão arterial sistêmica (HAS) (sim/não); idade do participante ao receber o diagnóstico de DM2; e dificuldade para ouvir (sim/não). Foi considerada presença de perda auditiva (sim/não) quando pelo menos uma das frequências testadas (250 a 8kHz) apresentou limiar auditivo ≥ 25dbNA na audiometria tonal liminar. A análise de dados para verificar a associação entre as variáveis qualitativas foi realizada por meio do teste quadrado de Pearson, considerando um nível de significância 5% (p<0,05). A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob número CAAE 15171019.7.0000.0065. Resultados: Participaram do estudo 204 homens e 221 mulheres com idade entre 57 e 88 anos (média de idade 62,8 anos). Dos 425 participantes, 109 (25,6%) afirmaram ter DM2, com média de idade ao receber o diagnóstico de 50,2 anos; e 327 (76,9%) foram diagnosticados com perda auditiva. Não houve associação significativa entre DM2 e perda auditiva (p=0.276). Nas análises adicionais, houve associação significativa entre perda auditiva e HAS (p=0.03), dificuldade para ouvir (p=0.001) e sexo (p=0.001), com maior prevalência de perda auditiva no sexo masculino (52,3%). Conclusão: O presente estudo verificou que não houve associação significativa entre DM2 e perda auditiva. Entretanto, indivíduos do sexo masculino, que relatam dificuldade para ouvir e que possuem diagnóstico de HAS apresentaram maior prevalência de perda auditiva, corroborando com a literatura científica previamente publicada. Limitações do estudo: a DM2 é autorreferida, impedindo a ausência de vieses relacionados a esse método de coleta de dados. A amostra é composta por trabalhadores de uma universidade com acesso facilitado a serviços de saúde dentro do próprio campus, facilitando o diagnóstico precoce e acompanhamento adequado para controle da DM2.
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