TEMPO DO USO DE TELAS EM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM DIFERENTES REGIÕES DO BRASIL
Gomes, L. F. ;
Martins, G. S. ;
Santos, I. R. D. ;
Brazorotto, J. S. ;
Introdução: O uso excessivo de telas pode impactar o desenvolvimento infantil, especialmente em crianças com deficiência auditiva, ao minimizar momentos de interação humana que estimulam as habilidades auditivas e linguísticas e ao comprometer o engajamento em terapias. Recomenda-se a não exposição a telas até os dois anos; até uma hora de dois a cinco anos, entre uma e duas horas de seis a 10 anos e de duas a três horas diárias de 11 a 18 anos. Logo, é importante caracterizar o uso de telas em crianças com deficiência auditiva no Brasil, de modo a identificar mais um fator contribuinte para a variabilidade de resultados observada nesta população. Objetivo(s): Caracterizar o tempo de uso de telas por crianças com deficiência auditiva referido pelas famílias, em diferentes regiões do Brasil, correlacionando seu uso à escolaridade materna. Metodologia: Estudo descritivo-analítico, transversal aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob o parecer: 3.440.683. Participaram 97 famílias de crianças com deficiência auditiva de diferentes graus, na faixa etária de zero a 12 anos e 11 meses, de quatro regiões do Brasil, que responderam a um formulário eletrônico adaptado, com informações sobre a rotina da família com a criança (Inventário de Recursos do Ambiente Familiar - RAF), escolaridade do respondente e tempo de uso de telas pelas crianças em seu cotidiano. As famílias assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em formato eletrônico. Os participantes não foram identificados por e-mail ou nominalmente. As respostas foram tabuladas em Excel®. A análise descritiva e inferencial foi realizada pelos testes de frequência relativa e teste de correlação, considerando p significativo < 0,05. Resultados: Sobre o tempo de uso de telas, apenas 44% das crianças de até dois anos faz uso diário adequado das telas; entre dois e cinco anos, esse percentual é de 47%; entre seis e 10 anos, sobe para 78%; de 11 a 12 anos, é de 69%. O uso de televisão variou de 47% a 65% entre as regiões e de celular ou tablet variou de 12% a 41%. Considerando que as variáveis não apresentaram distribuição normal no teste Shapiro-Wilk, p < 0.001 para todas variáveis e idade cronológica das crianças sendo p = 0.002, foi realizada a análise de correlação de Spearman entre o tempo adequado de tela por dia e a escolaridade dos responsáveis (p = -0.053). Entre as variações regionais, houve menor uso de telas no sul. Conclusões: Todas as famílias mencionaram o uso de telas pelas crianças, em todas as faixas etárias. Menos da metade das crianças com até cinco anos apresentou tempo adequado de uso de telas, sendo este um fator de risco para seu desenvolvimento auditivo e de linguagem. Crianças com idades entre seis a 12 anos apresentaram tempo de tela dentro do recomendado, de acordo com a informação das famílias. Não houve associação significativa entre o tempo recomendado para o uso de telas diárias e a escolaridade dos responsáveis. O fator exposição a telas deve ser considerado nos programas de reabilitação auditiva infantil.
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