HÁBITOS DE EXPOSIÇÃO SONORA E PROTEÇÃO AUDITIVA DE MILITARES ESTADUAIS
Heupa, A.H. ;
Moura, T. ;
Gonçalves, C.G.O. ;
Lüders, D. ;
Introdução: A exposição ao ruído no ambiente de trabalho do militar, como armas de fogo, veículos militares e rádio operadores, pode resultar em perda auditiva permanente e progressiva, que pode ser agravada pelo uso inadequado de proteção auditiva. Além disso, militares se expõem a outras situações ruidosas que podem contribuir para o agravamento da perda auditiva. Objetivo: Analisar hábitos de exposição sonora e proteção auditiva de militares de diferentes unidades da corporação. Método: estudo transversal, quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, realizado com militares de uma cidade sul brasileira, que responderam à versão em português do questionário Noise Exposure Questionnaire, que aborda tanto a exposição ao ruído como o uso de equipamento de proteção auditiva (EPA). Os dados obtidos foram analisados de forma descritiva. Resultados: Participaram 113 militares (87,7% do sexo masculino) das unidades: Operações Especiais (BOPE) (n=18), Esquadrão antibombas (n=18), Batalhão de Choque (n=6), Operações Aéreas (n=18), Ronda com motocicletas (ROCAM) (n=8), Salvamento Tático (GOST) (n=11), Setor de atendimento 193/190 (n=6), Batalhões gerais (n=10) e Administrativos (n=18). A média de idade foi de 40,1 anos e tempo médio de serviço de 15,4 anos. Os dados sobre exposição sonora e uso de EPA em cada uma das situações ruidosas investigadas mostraram os seguintes resultados: 55,8% se expõe a ferramentas ruidosas e 3,5% sempre usa EPA; 26,5% dirigem veículos ruidosos (caminhões e tratores) e 1,2% utiliza EPA; 72,6% participa de eventos ruidosos como corridas e shows e 2,6% utiliza EPA; 46,9% pilota motocicletas e 0,8% faz uso eventual de EPA; 46,9% se expõe ao ruído de aeronaves, e apenas os pilotos (15%) sempre fazem uso de EPA; 86,7% faz prática de tiro e 75% sempre faz uso de EPA; 31,8% toca algum instrumento musical, e apenas 3,6% usam EPA; 86,7% utiliza fones de ouvido e 90,2% se expõe a equipamentos de som no carro ou em casa. O uso de fones de ouvido e exposição a equipamentos de som foram atividades frequentes em todas as unidades (62 a 100%). O BOPE representa a unidade com maior exposição ao ruído das armas de fogo (83%), e todos utilizam EPA. O uso diário de motocicletas foi considerável na ROCAM (75%) e no Choque (50%), mas nenhum policial dessas unidades faz uso do EPA. Como esperado, a unidade de operações aéreas está mais exposta ao ruído de aeronaves (50%) e a unidade do GOST chamou atenção pela quantidade de policiais que se dedicam a atividades musicais (45%). Conclusão: Com exceção do BOPE, que é o grupo mais exposto às armas de fogo, todas as outras unidades têm a maior exposição no uso de fones de ouvido e de equipamentos de som. O EPA é pouco utilizado nas situações de ruído contínuo em todas as unidades, sendo mais frequente seu uso nas práticas de tiro entre os integrantes do BOPE. Hábitos não laborais de exposição sonora e exposições a ruídos contínuos merecem destaque e podem ser temas de aprimoramento nos programas de preservação auditiva com esta população.
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