PROGRAMA DE TRIAGEM DE HABILIDADES AUDITIVAS NA ESCOLA: COMPARAÇÃO ENTRE ESTUDANTES QUE PASSARAM E FALHARAM NA TRIAGEM COGNITIVA.
Carvalho, N.G. ;
Ubiali, T. ;
Lemos, A.C. ;
Tambascia, B. ;
Carvalho, B.R. ;
Guadagnini, M.F. ;
Amaral, M.I.R. ;
Colella-Santos, M.F. ;
Introdução: O Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) é definido como um déficit no processamento neural de informações auditivas no sistema nervoso auditivo central. Embora o TPAC não seja causado por déficits cognitivos, ele pode coexistir com outras condições que afetam a cognição e a aprendizagem. Isso torna fundamental uma triagem abrangente em ambiente escolar, que considere tanto os aspectos auditivos quanto os cognitivos, sendo essencial para o encaminhamento ao diagnóstico e manejo eficazes do TPAC. Objetivo: Comparar o desempenho em uma triagem das habilidades auditivas entre estudantes que passaram e falharam em uma triagem cognitiva. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, comparativo e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética (nº 6.216.032). Foi realizado em uma escola pública, com 144 crianças falantes nativas de português, sem alterações auditivas periféricas, conforme avaliação audiológica básica. A triagem cognitiva, empregou o Teste de Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, sob responsabilidade da neuropsicóloga da equipe, amplamente reconhecido como adequado para a triagem de raciocínio não verbal, identificando possíveis déficits relacionados à inteligência geral. Para este estudo, foram selecionadas as crianças categorizadas como “na média da capacidade intelectual”, “acima da média da capacidade intelectual” ou “intelectualmente superior” (GI) e comparadas às crianças classificadas como “definitivamente abaixo da média da capacidade intelectual” (GII). No GI, participaram 68 meninas (média de 7,43 anos) e 56 meninos (média de 7,52 anos). No GII, participaram 13 meninas (média de 7,08 anos) e 7 meninos (média de 6,86 anos). Foram aplicados, individualmente, com instruções fornecidas pelas pesquisadoras o Questionário de Autopercepção (QAPAC) e tarefas auditivas, por meio da plataforma AudBility, denominadas localização sonora, fechamento auditivo, integração binaural, figura-fundo, resolução temporal e ordenação temporal de frequência. A análise estatística foi realizada pelo teste de Mann-Whitney, com nível de significância estabelecido em p < 0,05. Resultados: Diferenças significativas foram observadas no QAPAC (GI: 44,13 ± 6,92; GII: 37,5 ± 5,94; p < 0,001) e na tarefa de ordenação temporal de frequência em ambas as orelhas: OD (GI: 86,94% ± 18,22; GII: 65,5% ± 25,85; p < 0,001) e OE (GI: 82,42% ± 19,85; GII: 57,00% ± 29,93; p < 0,001). Não foram identificadas diferenças significativas nas tarefas de localização sonora, fechamento auditivo, integração binaural, figura-fundo e resolução temporal. Conclusão: Estudantes que falharam na triagem cognitiva apresentaram desempenho inferior na percepção geral de seu comportamento auditivo, avaliado por meio do questionário, e na tarefa de ordenação temporal de frequência. No entanto, nem todas as habilidades auditivas foram influenciadas pelo desempenho cognitivo. Esses resultados destacam a importância de uma abordagem multidisciplinar, com a integração de triagens auditivas e cognitivas no ambiente escolar, visando encaminhamentos direcionados ao diagnóstico.
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