AVALIAÇÃO AUDITIVA DE CRIANÇAS NOTIFICADAS COM SÍFILIS CONGÊNITA QUANDO HOUVE ESCASSEZ DE PENICILINA NO BRASIL
Vasconcelos, B. D. P. ;
Araujo, M. L. A. ;
Almeida, R. P. ;
Nobre, R. A. ;
Vasconcelos, L. D. P. G. ;
Oliveira, E. L. G. ;
Montenegro, S. ;
Bernardo, A. K. S. ;
Silva, A. P. A. ;
INTRODUÇÃO: A sífilis congênita (SC) caracteriza-se pela transmissão da bactéria Treponema Pallidum da mãe não tratada ou inadequadamente tratada para o bebê e é considerada um problema de saúde pública e pode comprometer a saúde das crianças a curto e longo prazo. No Brasil, entre os anos de 2013 a 2023 foram notificados 319.806 casos de SC, dos quais 29,7% foram no Nordeste. A taxa de incidência nacional foi de 10,3 casos por mil nascidos vivos (NV). No Ceará e em Fortaleza a taxa de incidência foi de 13,3 e 20,5 por mil NV respectivamente, superando a taxa nacional. Uma das sequelas que as acometem é a perda auditiva. Apesar de não ser muito bem definida na literatura científica, estudos mostram que esta infecção pode provocar a perda auditiva neurossensorial que é caracteriza pela lesão na orelha interna, podendo ser nas células da cóclea ou no nervo auditivo. OBJETIVO: Avaliar a audição de crianças notificadas com sífilis congênita (SC). MÉTODO: Estudo quantitativo, descritivo realizado no setor de fonoaudiologia do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) da cidade de Fortaleza, Ceará. Foram incluídas crianças notificadas com SC que nasceram no ano de 2015, quando houve escassez de penicilina no Brasil e residentes nas Regionais de Saúde II e VI. As crianças foram convocadas a comparecer ao referido serviço onde foi realizado o exame de emissões otoacústicas evocadas transientes. A análise estatística foi no programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 23. Foi realizada análise descritiva apresentada por meio de tabelas com frequências absolutas e relativas e medidas de dispersão. Este estudo é parte de uma pesquisa intitulada: Condições clínicas e avaliação do estado de saúde de crianças notificadas com sífilis congênita em 2015, durante o desabastecimento de penicilina no Brasil aprovada pelo Comitê de Ética sob Parecer No 7.177.404. RESULTADOS: No ano de 2015 foram notificadas em Fortaleza 469 casos de SC dos quais 172 (36,7%) foram nas regionais II e VI. Destas, foram localizadas e convocadas 107 e compareceram para avaliação audiológica 75, das quais, 64 (85,3%) realizaram o exame. As mães que frequentaram o pré-natal foram 69 (92,0%) e foram tratadas 22 (29,3%). Todas as crianças receberam algum tipo de tratamento com penicilina ou ceftriaxona. O resultado do exame de emissões otoacústicas evocadas transientes foi presente para 59 (85,5%) no teste na orelha direita e 62 (89,9%) na orelha esquerda. CONCLUSÃO: Crianças notificadas em 2015 com SC na sua grande maioria apresentaram resultados presentes no exame de emissões otoacústicas evocadas transientes.
DADOS DE PUBLICAÇÃO