ESTUDO DA INTEGRIDADE DA VIA AUDITIVA DE LACTENTES EXPOSTOS A INFECÇÕES CONGÊNITAS
Martins, G.A. ;
Miyata, C. ;
Queirantes, I.O. ;
Fagundes Silva, L.A. ;
Matas, C.G. ;
Introdução. Estudos sugerem que crianças expostas às TORCH (toxoplasmose, outros - sífilis, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) -, rubéola, citomegalovírus e Herpes simplex) podem desenvolver alterações na via auditiva periférica e central. Entretanto, são poucos os estudos que caracterizaram as influências da exposição às infecções congênitas sobre a integridade da via auditiva.
Objetivo. Comparar a integridade da via auditiva de lactentes expostos às infecções congênitas durante a gestação com lactentes não expostos.
Metodologia. Estudo transversal aprovado pelo Comitê de Ética da instituição sob o número 6.724.329. O grupo de estudo (GE) foi composto por 20 pacientes expostos às TORCH enquanto o grupo controle (GC) foi composto por 20 crianças sem indicadores de risco para perda auditiva. Foram incluídos lactentes com idade inferior a três meses, com presença de emissões otoacústicas transientes, cujos responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos pacientes com síndromes, com menos de 36 semanas de idade gestacional ou com comprometimento condutivo. A média de idade do GE foi de 41,95 dias (±14,73) e a do GC foi de 49,20 dias (±20,57). Os grupos não diferiram entre si quanto à média de idade, gênero ou idade gestacional. Em relação à exposição, 40% do GE foi exposto à toxoplasmose, 30% ao citomegalovírus, 15% à sífilis e 15% ao HIV. Dentre os sujeitos, 65% foram expostos no primeiro trimestre de gestação, 25% no terceiro e 10% não sabiam.
Os participantes realizaram Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) e de Longa Latência (PEALL). Foram analisadas as latências absolutas das ondas I, III e V, interpicos I-III, III-V e I-V do PEATE e a latência absoluta do componente P1 do PEALL. Foram conduzidas análises descritivas e inferenciais, por meio dos testes Qui-quadrado e ANOVA de medidas repetidas.
Resultados. Na análise do PEATE, 40% do GE apresentou alteração, enquanto que no GC todos os sujeitos apresentaram resultados dentro dos padrões de referência, com diferença significativa entre os grupos (p=0,006). Houve tendência à associação significativa da alteração de acordo com o grupo para a onda V e para o interpico I-III, alterados em 25% dos sujeitos do GE (p=0,052). A análise quantitativa revelou maiores latências no GE para a onda III (p=0,036), onda V (p=0,013) e interpico I-V (p=0,020), sendo que o interpico I-III também teve tendência a apresentar maior latência no GE (p=0,058). Quanto ao PEALL, não houve diferença significativa no P1 entre os grupos, apesar de serem observadas médias maiores no GE.
Conclusão. A exposição a infecções congênitas pode resultar em alterações no PEATE, reduzindo a velocidade de condução neural do estímulo acústico ao longo da via auditiva até o tronco encefálico. Embora não tenham sido observadas diferenças significativas no PEALL, as latências maiores no GE indicaram a necessidade de monitoramento auditivo desses pacientes. Esses achados reforçaram a importância de avaliar a porção periférica e central da via auditiva em lactentes expostos às TORCH para fornecer diagnóstico e intervenção precoces.
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