RELAÇÃO ENTRE COGNIÇÃO, AUDIÇÃO, EQUILÍBRIO E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES COM ENDOMETRIOSE
Pereira, L. F. P. ;
Souza, F. O. ;
Comerlatto Junior, A. A. ;
Comerlatto, M. P. S. ;
Silva, K. ;
Introdução: A endometriose é uma doença inflamatória caracterizada pela presença do tecido endometrial fora da cavidade uterina. Acomete principalmente mulheres jovens em idade fértil. Embora alguns estudos apresentem a possibilidade de manifestação de sinais e sintomas variados, não se sabe ao certo a influência desta doença na cognição, audição, equilíbrio e qualidade de vida (QV). Objetivo: Verificar a relação entre cognição, audição, equilíbrio e QV em mulheres com endometriose. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, transversal realizado com mulheres brasileiras entre 18 e 59 anos, com endometriose. Os dados foram coletados por meio de questionários online, incluindo o Prospective and Retrospective Memory Questionnaire (PRMQ), o Dizziness Handicap Inventory (DHI), e o Endometriosis Health Profile (EHP-30), além de um questionário sóciodemográfico. A análise se deu por meio de estatística descritiva e inferencial, com nível de significância de 5%. O estudo foi aprovado pelo CEP (parecer 6.668.037). Resultados: Participaram do estudo 201 mulheres, com idade média de 33 anos, tempo médio de diagnóstico de 13,3 anos. Quanto a sintomatologia estudada: 41,3% relataram tontura/vertigem, destas 6% com impacto severo avaliado pelo DHI; 38,3% mencionaram zumbido, com 3% indicando um impacto severo, segundo o THI. A percepção de falha de memória, avaliado pelo PRMQ, apresentou média de 43,8 de 80 possíveis. No estudo de correlação as mulheres com zumbido apresentam falhas de memória significativamente maiores (p = 0,035) do que as que não apresentam o sintoma, diferenças nas dimensões de memória retrospectiva, de curto e longo prazo, também se destacaram (p = 0,023, p = 0,035, p = 0,048). O mesmo ocorreu para à QV, sendo observado maior percepção de dor (p = 0,008), maior impacto no controle e poder (p = 0,014), pior bem-estar emocional (p = 0,004), menor apoio social (p = 0,033) e pior avaliação da autoimagem (p = 0,006). Mulheres com queixas de tontura/vertigem tiveram pontuações mais altas no PRMQ total do que aquelas sem o sintoma (p = 0,005). As análises específicas revelaram que a memória prospectiva (p = 0,010) e a memória retrospectiva (p = 0,003), assim como, a memória de curto prazo e longo prazo, com pista externa ou pista interna, apresentam resultados significativamente piores do que as participantes sem a queixa (p = 0,006; p = 0,003; p = 0,015 e p = 0,003 respectivamente). No EHP-30, a dimensão “Dor” revelou médias mais altas com significância estatística (p = 0,045), o mesmo ocorreu para os domínios “Emocional” (p = 0,018) e “Autoimagem” (p=0,003), indicando uma pior QV. Conclusões: Este estudo enfatiza a relevância de considerar a endometriose como uma condição sistêmica que afeta a saúde das mulheres. A QV deve ser priorizada na elaboração de intervenções, onde os aspectos relacionados à audição, equilíbrio e memória merecem atenção. Investigações futuras devem direcionar suas atenções para avaliações clínicas que explorem não apenas a causalidade dos sintomas prevalentes, mas também aprofundem o estudo das correlações entre os aspectos envolvidos.
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