CONTRIBUIÇÃO DA ANÁLISE DO VOLUME EQUIVALENTE DE ORELHA EXTERNA SOBRE A AVALIAÇÃO ELETROACÚSTICA DA AUDIÇÃO DURANTE A INFÂNCIA
Bruner, A.P. ;
Akhtar, U.S. ;
Dhar, S. ;
Carvallo, R.M.M. ;
Durante, A.S. ;
INTRODUÇÃO: Diversas mudanças na orelha externa ocorrem ao longo da infância, especialmente até cerca de três anos de idade e podem modificar as propriedades acústicas da via condutora. O volume equivalente da orelha externa(ECV), uma medida obtida durante a timpanometria, é decisivo na determinação correta da admitância acústica.
OBJETIVO: Analisar a influência do ECV sobre as medidas de imitância acústica de banda larga e emissões otoacústicas por estímulo transiente (EOAT), do nascimento aos onze anos de idade.
METODOLOGIA: Como uma das etapas de umapesquisa com aprovação pelo comitê de ética em pesquisa institucional (nº 5.571.490, CAAE 80030717.4.0000.5479), foram analisados os dados de ECV, absorvância, frequência de ressonância (FR) e EOAT de 220 orelhas de 117 participantes, divididos em cinco grupos etários: recém-nascidos (RN) – 62, lactentes de seis a oito meses (6-8m) – 27, três a cinco anos (3-5a) – 20, seis a oito anos (6-8a) – 54 e nove a onze anos – 57 orelhas. RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças significativas entre orelha direita e esquerda, nem em relação ao sexo. Em geral, foram obtidos resultados compatíveis com os padrões de normalidade: média de 0,55 mmho (+ 0,12 mmho) no grupo RN; 0,65 mmho (+ 0,15 mmho) no grupo 6-8m; 0,9 mmho (+ 0,20 mmho) no grupo 3-5a; e 1,0 mmho nos grupos 6-8a e 9-11a (+ 0,22 e 0,25 mmho, respectivamente). Houve aumento significativo em função da idade (p = 0,000), sendo as principais diferenças observadas nas comparações múltiplasdesta medida em recém-nascidos e lactentes 6-8m com as demais faixas etárias (p < 0,03). A diferença pouco expressiva a partir de três anos mostrou que as mudanças devem ser mais graduais a partir desta idade e valores semelhantes a adultosdevem ser encontrados após a puberdade. Na amostra total, houve correlação negativa significante entre o ECV e os índices de absorvância até 300 Hz e entre 2k e 4k Hz (maiores níveis de absorvância para essas frequências foram obtidos em orelhas com menores volumes) e correlação positiva entre o ECV e a FR (com o aumento do ECV, a FR foi mais alta) – p < 0,01 em ambas as análises. Houve influência do ECV sobre os resultados das EOAT, com medidas de menor amplitude nas faixas de frequências de 2k a 4k Hz e menores níveis de sinal/ruído em todas as frequências nas orelhas com maior ECV (p < 0,03 em todas as correlações negativas). CONCLUSÃO: O ECV é fundamental aos métodos de calibração e ao monitoramento da vedação do meato acústico externo, onde o microfone-sonda é inserido, mas também sofre mudanças ao longo do desenvolvimento. Por influenciar as demais medidas, deve ser considerado na interpretação dos resultados de testes eletroacústicos.
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