RELAÇÃO ENTRE O NÍVEL DE INCÔMODO DO ZUMBIDO E SEU IMPACTO EM INDIVÍDUOS COM PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO
Novaes, T.F.A ;
Carnaúba, A.T.L ;
Barbosa, J.T.F.S ;
Menezes, P.L. ;
INTRODUÇÃO: O zumbido é um problema prevalente na sociedade, definido como a percepção sonora sem uma fonte sonora externa, é um sintoma crônico e debilitante em cerca de 10-15% da população. Até o presente momento, ainda há uma grande dificuldade quanto ao tratamento, por conta disso a avaliação das diferentes áreas auditivas e cerebrais tem posição de destaque nas pesquisas. Alguns estudos mostram alterações não auditivas associadas às funções cognitivas e atencionais, enfatizando que os processos límbicos contribuem para os aspectos angustiantes e desagradáveis do zumbido. OBJETIVO: Investigar a relação entre o nível de incômodo causado pelo zumbido, avaliado pelos escores do Tinnitus Handicap Inventory (THI) e da Escala Visual Analógica (EVA), e as características do zumbido em indivíduos com perda auditiva induzida por ruído. MÉTODOS: Trata-se de um estudo analítico observacional transversal, com aprovação ética (parecer nº 6.249.412). Foram incluídos 16 participantes adultos (18-55 anos) com perda auditiva induzida por ruído nas frequências de 3.000 a 6.000 Hz e zumbido constante ou intermitente, em repouso auditivo de 14h. Foram excluídos indivíduos com mais de 55 anos, causas de zumbido não ocupacional, ou histórico de cirurgias ou doenças otológicas. Procedimentos incluíram anamnese, aplicação do Tinnitus Handicap Inventory (THI) e Escala Visual Analógica (EVA) para avaliação do incômodo do zumbido, inspeção do meato acústico, e testes audiológicos e eletrofisiológicos. RESULTADOS: Foram avaliados 16 participantes, pareados por sexo e idade, com média de idade de 44 anos (± 7,8). O tempo de queixa de zumbido variou de 1 a 132 meses. Os tipos de zumbido foram diversos, com predominância da forma em apito e apenas dois casos com múltiplos tipos. A maioria relatou zumbido intermitente. Quanto à lateralidade, 50% apresentaram zumbido bilateral, seguido por 31,25% na orelha esquerda e 18,75% na direita. A intensidade e o impacto do incômodo foram avaliados por meio do THI e da EVA, com variações classificadas em leve, moderado e severo na EVA e ligeiro a catastrófico no THI. Esses resultados evidenciam múltiplas dimensões do impacto do zumbido e destacam o desconforto relatado pelos participantes. A correlação entre os escores de THI e EVA foi analisada por meio do coeficiente de Spearman. Observou-se uma correlação estatisticamente significativa entre o THI e a EVA para incômodo p = 0,003 e Rho = 0,692 sugerindo uma relação direta entre o aumento do incômodo e o impacto reportado no THI. Em contraste, não foi identificada correlação significativa entre os escores de THI e EVA para intensidade, com Rho = 0,440 e p = 0,088. CONCLUSÃO: O estudo revelou que há uma correlação significativa entre os escores do THI e da EVA para o incômodo causado pelo zumbido, indicando que o aumento do incômodo subjetivo está diretamente relacionado ao impacto reportado no THI. No entanto, não foi observada correlação significativa entre os escores do THI e da EVA para a intensidade do zumbido.
DADOS DE PUBLICAÇÃO