IMPACTOS DA COVID-19: ANÁLISE DAS QUEIXAS COCLEOVESTIBULARES PRÉ E PÓS INFECÇÃO EM ADULTOS
Santos, E. F. ;
Pequeno, G. V. ;
Rosa, L. A. ;
Souza, L. F ;
Silva, D. P. C. ;
Roggia, S. M. ;
Scharlach, R. C. ;
Introdução: A pandemia da Covid-19 trouxe à tona diversas preocupações com a saúde,
incluindo possíveis impactos no sistema auditivo. Desde o início da crise sanitária, relatos
começaram a surgir de pessoas que, após contraírem o vírus, passaram a sentir sintomas
como zumbido, perda de audição e episódios de tontura. Essas observações levantaram
questionamentos sobre como o vírus SARS-CoV-2 pode afetar a audição, especialmente
entre aqueles que enfrentaram a doença. Objetivo: Caracterizar as queixas
cocleovestibulares de adultos pré e pós Covid-19. Metodologia: Estudo observacional,
descritivo, cego simples, de delineamento longitudinal. Amostra do tipo não probabilística
por conveniência, composta por adultos que realizaram avaliação audiológica básica antes
da pandemia (2018 e 2019) e aceitaram passar por nova avaliação entre 2023 e 2024. Os
participantes responderam a um questionário com questões fechadas sobre queixas
cocleovestibulares e dificuldades de comunicação presentes antes da pandemia e após a
contaminação pelo vírus SARS-CoV-2. Na segunda avaliação, responderam também a um
questionário fechado sobre ter contraído a Covid-19. Os dados obtidos foram submetidos a
análise estatística descritiva. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética, sob Parecer nº
5.969.536. Resultados: Participaram do estudo 16 adultos, sendo 12 homens (75%), com
média de idade de 33 anos. A maioria dos participantes (75%) contraiu a doença apenas
uma vez, e 37,5% já estavam imunizados quando foram infectados. Os casos foram leves,
sem necessidade de internação e, as medicações utilizadas foram apenas para o
tratamento dos sintomas apresentados. Em relação às queixas auditivas, a dificuldade para
ouvir manteve-se inalterada entre as avaliações pré e pós Covid-19, sendo relatada por
6,25% dos participantes. Nenhum participante apresentou queixa de otalgia nas avaliações.
A plenitude aural foi relatada por um participante (6,25%) antes da Covid-19 e aumentou
para três participantes (18,75%) após a infecção. O zumbido foi relatado por 37,5% dos
participantes na avaliação pré Covid-19 e se manteve na avaliação pós infecção. Entre os
participantes que mantiveram o zumbido, 12,5% apresentaram aumento na intensidade de
leve para moderado. A tontura, inexistente na primeira avaliação, foi relatada por 12,5% dos
participantes após a infecção. O desconforto para sons intensos também aumentou,
passando de 6,25% para 12,5%. A hipersensibilidade a sons do dia a dia não foi relatada
em nenhum momento da avaliação. Nenhum participante relatou dificuldade de
comunicação no silêncio. As dificuldades de comunicação em ambientes ruidosos foram
relatadas por 12,5% dos participantes nos dois momentos de avaliação. Conclusão: Os
participantes deste estudo apresentaram poucas queixas cocleovestibulares tanto no
momento pré quanto pós Covid-19, sendo o zumbido a queixa de maior ocorrência nos dois
momentos de avaliação (37,5%), com aumento da intensidade do mesmo na segunda
avaliação para 12,5% dos participantes. A plenitude aural foi o sintoma que mais aumentou
a ocorrência após a infecção, passando de 6,25% para 18,75%. A faixa etária jovem dos
participantes e o quadro leve da infecção podem ter influenciado na baixa ocorrência dos
sintomas. Estes achados reforçam a necessidade de mais estudos longitudinais sobre os
impactos do SARS-CoV-2 no sistema auditivo, em diferentes populações e condições
clínicas.
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