RELAÇÃO DA PERDA AUDITIVA COM O TRANSTORNO FONOLÓGICO: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
A.A.D.S.S ;
V.V.L ;
M.L.M ;
Introdução: A audição é fundamental para o desenvolvimento da fala e da linguagem, permitindo a percepção e a interpretação dos sons. O processamento auditivo, por sua vez, envolve mecanismos que vão além de ouvir, incluindo habilidades como localização, discriminação e ordenação temporal, essenciais para compreender os estímulos auditivos e organizá-los de forma significativa. A integração eficiente entre audição e processamento auditivo é crucial para a aquisição de padrões linguísticos e o progresso cognitivo. A perda auditiva compromete a percepção dos sons e, se não tratada, pode atrasar o desenvolvimento da fala e da linguagem, prejudicando a comunicação e a aprendizagem. O transtorno fonológico, por sua vez, afeta a organização e produção dos sons da fala, sendo comum em crianças. Objetivo: Analisar a relação entre a perda auditiva e o transtorno fonológico. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que teve como pergunta norteadora: “Qual a relação entre a perda auditiva e o transtorno fonológico?”. Esse estudo foi dividido em três partes, sendo a primeira a construção da pergunta norteadora da investigação. A fim de obter respostas para a pergunta, foi realizado levantamento bibliográfico nas bases de dados eletrônicas National Center for Biotechnology Information (Pubmed) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), coletando estudos dos últimos cinco anos - período de 2020 a 2024. Foram utilizados os descritores (MeSH - Medical Subject Headings) sendo combinados entre si através do operadores booleanos OR e AND, resultando na busca final a seguir: “Speech Sound Disorder” OR “Phonological Disorder” AND “hearing”. Foram incluídos artigos publicados em qualquer língua, publicados nos últimos cinco anos, que abordaram sobre as possíveis relações entre a perda auditiva e o transtorno fonológico. Os estudos encontrados nas bases de dados eletrônicas foram indexados à plataforma Rayyan para análise de títulos e resumos e leitura na íntegra posteriormente. Resultados: Foram encontrados 132 estudos nas bases de dados consultadas, sendo 63 na Pubmed e 69 na BVS. Destes, 5 foram excluídos na análise de duplicatas, restando 127 artigos para triagem de títulos e resumos. Dos 127 estudos analisados, 5 foram selecionados para leitura na íntegra, e ao final, 3 foram incluídos para compor a revisão integrativa por entrarem nos critérios de inclusão. Os estudos destacam a importância de uma abordagem multidimensional no manejo do transtorno fonológico em crianças. A perda auditiva subclínica pode estar associada ao transtorno, sugerindo a necessidade de avaliações audiológicas detalhadas. De forma que crianças com transtorno fonológico têm menor sensibilidade auditiva e dificuldade em perceber contrastes fonêmicos, como o fonema /r/, em comparação com crianças com desenvolvimento típico. Em relação a forma de tratamento, observa-se que 12 sessões de terapia fonoaudiológica resultam em melhora no desempenho fonológico e em alterações neurofisiológicas, como aumento da amplitude do componente P3, evidenciando plasticidade na via auditiva. Esses achados reforçam a eficácia de intervenções integradas para tratar o transtorno. Conclusão: Os resultados reforçam a importância de integrar as avaliações audiológicas às intervenções fonoaudiológicas em crianças com transtorno fonológico, já que essa abordagem multidimensional pode ser essencial para melhor direcionamento terapêutico do transtorno.
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