O USO DO FREQUENCY FOLLOWING RESPONSE NO MONITORAMENTO DO TREINAMENTO AUDITIVO ACUSTICAMENTE CONTROLADO
Vasconcelos, L.D.S. ;
Silva, N.L.B. ;
Carvalho, M.H.R. ;
Carnaúba, A.T.L.C. ;
Introdução: No decorrer do desenvolvimento das habilidades auditivas o indivíduo pode apresentar alterações na detecção e interpretação dos sons, caracterizando o transtorno do processamento auditivo central. Diante desse transtorno, os indivíduos devem realizar o treinamento auditivo, sendo expostos a situações e tarefas auditivas para habilitação e reabilitação das habilidades. Para o monitoramento da eficácia do treinamento podem ser utilizadas ferramentas da eletrofisiologia auditiva, como Frequency Following Response (FFR). Objetivo: Avaliar a efetividade do treinamento auditivo acusticamente controlado em crianças com o diagnóstico de transtorno do processamento auditivo, por meio do Frequency Following Response. Métodos: Trata-se de um ensaio clínico não randomizado e não controlado, com o parecer de número 6.019.422. A amostra foi composta por conveniência e incluiu crianças de 7 a 12 anos, de ambos os sexos, com limiares auditivos tonais normais bilateralmente (250 a 8000 Hz) e integridade das vias auditivas até o tronco encefálico. Foram selecionadas crianças que apresentaram alteração em pelo menos um teste da bateria de avaliação do PAC, conforme as recomendações da Academia Brasileira de Audiologia, e que aguardavam para treinamento auditivo em um Serviço de Fonoaudiologia.Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: alterações na orelha externa e/ou disfunção da orelha média; mais de três infecções de ouvido no ano corrente; diagnóstico de Desordem do Espectro da Neuropatia Auditiva (DENA); presença de zumbido, vertigens ou outras alterações cócleo-vestibulares; e alterações cognitivas ou comportamentais.Dos procedimentos, foram realizados: avaliações comportamentais do processamento auditivo, cognitivas e eletrofisiológicas por meio do Frequency Following Response. Em seguida, foram realizadas oito sessões de treinamento auditivo acusticamente controlado, semana, durante 40 minutos cada. Após o treinamento, os pacientes foram reavaliados por meio dos exames comportamentais e eletrofisiológicos. Resultados: Dos dez pacientes que atenderam aos critérios de inclusão, todos concluíram o programa terapêutico, composto por oito sessões individuais semanais. A amostra foi composta por 50% de meninas e 50% de meninos, com idades variando de 7 a 12 anos, sendo a média de 9,4 anos e desvio padrão de 1,77. Na avaliação comportamental do PAC, antes do treinamento auditivo, observou-se alteração nas habilidades de integração binaural, figura-fundo auditiva, ordenação e resolução temporal. O FFR foi registrado por estimulação unilateral, com morfologia adequada em 100% das orelhas. Os componentes V, A, C, D, E, F e O foram identificados nos traçados. A análise das latências mostrou resultados significativos para os componentes V e A na orelha direita (p-valor 0,01) e para o componente A na orelha esquerda (p-valor 0,03). Para os componentes C, D, E, F e O, observou-se redução nas latências, mas sem significância estatística. Já o slope e a área apresentaram médias mais altas no pós-TAAC, com significância estatística para o slope na orelha direita (p-valor 0,05). Conclusão: Considerando as mudanças verificadas em relação à latência dos componentes V e A do FFR, após o programa terapêutico proposto, é possível concluir que este teste eletrofisiológico é uma ferramenta objetiva sensível para monitorar a efetividade do treinamento auditivo.
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