PREVALÊNCIA DE PERDA AUDITIVA E TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL EM CRIANÇAS: REVISÃO INTEGRATIVA
Lopes, V.V. ;
Andrade, W.T.L. ;
Amaral, A.K.F.J. ;
INTRODUÇÃO: As alterações auditivas prejudicam o desenvolvimento linguístico e cognitivo infantil, tornando-se uma questão de saúde pública. Sendo assim, é importante que uma possível alteração auditiva (perda auditiva ou transtorno do processamento auditivo - TPAC) seja identificada pelos profissionais de saúde e educação que lidam diretamente com a criança a fim de possibilitar o diagnóstico e, se necessária, aconteça a intervenção fonoaudiológica o mais cedo possível. OBJETIVO: Mapear a prevalência de perda auditiva e transtorno do processamento auditivo central em crianças. MÉTODO: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, baseada nas recomendações para elaboração da revisão integrativa propostas por Ganong (1987). Foi dividida em três etapas, sendo a primeira constituída pela elaboração da pergunta norteadora da investigação: “Qual a prevalência da perda auditiva e do transtorno do processamento auditivo central em crianças de 0 a 12 anos?”. Para responder a esse questionamento, foi realizado levantamento bibliográfico nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Web Of Science, Scielo e BVS - Lilacs, coletando estudos publicados no período entre 2020 e 2024; disponíveis na íntegra; publicados em português e inglês; realizados com crianças de 0 a 12 anos e que abordaram a prevalência de perda auditiva ou TPAC. Foram excluídos artigos fora do período estabelecido; que não estavam disponíveis na íntegra; e com população com quadros neurológicos, oncológicos, traumatismos ou qualquer patologia que tenha como característica própria a perda auditiva. RESULTADOS: Foram encontrados 1609 artigos nas bases de dados pesquisadas, sendo 580 na PubMed, 956 na Web Of Science, 13 na Scielo e 60 na BVS - Lilacs. Destes, 414 foram excluídos pela análise de duplicatas. Após a análise dos títulos e resumos dos 1195 artigos, 83 foram previamente selecionados para leitura na íntegra e, ao final, 26 estudos foram incluídos nesta revisão integrativa. Apesar da alta prevalência da perda auditiva, a maioria dos estudos não especificou o tipo e grau da perda auditiva. Os estudos indicaram que a prevalência de perda auditiva sensorioneural em crianças varia de acordo com condições clínicas e contextos populacionais, sendo de 1,23 por 1000 na população pediátrica geral com predominância para a moderada bilateral. Ainda foi possível observar a grande predominância da alteração condutiva em muitos estudos. Os dados indicam que a perda auditiva condutiva pode variar de 13,7% a 93,5%, dependendo da população estudada, sendo predominantemente o grau leve. Em relação ao TPAC, apenas um estudo abordou sua prevalência, sendo de 8,03% em uma população de 1369 crianças em idade escolar de uma região do Irã. CONCLUSÃO: Os resultados evidenciam uma alta prevalência de perda auditiva em crianças, com variações importantes quanto ao tipo e ao grau. Quanto à prevalência do TPAC, os dados ainda são limitados. Esses achados destacam a necessidade de estudos mais detalhados que investiguem tanto os diferentes tipos e graus de perda auditiva, quanto à prevalência do TPAC e as implicações para as crianças enquanto ser biopsicossocial.
DADOS DE PUBLICAÇÃO