INTERFACE ENTRE ZUMBIDO E TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
Silva, M. H. S. ;
Santos, M. H. L. ;
Santos, I. V. ;
Felix, M. G. S. ;
Marques, L. R. ;
Introdução: O zumbido, ou tinnitus, é a percepção de sons sem fonte externa identificável, afetando entre 11,9% e 30,3% da população adulta. Considerado um dos piores sintomas humanos, é mais que um problema sensorial, possuindo fortes componentes emocionais que impactam negativamente a qualidade de vida. Associado a problemas psicológicos, transtornos de humor, ansiedade e depressão, o zumbido pode desencadear sintomas debilitantes, como insônia e pensamentos suicidas, formando um ciclo de estresse e agravamento emocional. Embora frequentemente relacionado à perda auditiva, ele também ocorre em pessoas com audição normal, indicando fatores emocionais e psicossomáticos significativos. Objetivo: Investigar, por meio de uma revisão integrativa de literatura, a interface entre zumbido e transtornos psiquiátricos, buscando as possíveis associações e implicações para a qualidade de vida. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura realizada em dezembro de 2024. A questão norteadora do estudo foi formulada com base na estratégia PICo, de forma que: P – população: Sujeitos com zumbidos; I – interesse: Zumbido e sua relação com transtornos psiquiátrico; Co – contexto: Comorbidades psiquiátricas e sua interação com a percepção e intensidade do zumbido. A partir disso, elaborou-se a seguinte questão norteadora: “Qual a relação entre zumbido e a ocorrência de transtornos psiquiátricos?”. Os 7 artigos incluídos foram coletados integralmente nas bases PubMed, SciELO e LILACS via BVS. Os critérios de inclusão abrangeram estudos primários completos, em inglês e português, sem limite temporal. Teses, dissertações, estudos duplicados ou incompletos foram excluídos. A seleção dos estudos foi realizada por meio de leitura de títulos e resumos, seguida da análise integral dos estudos pertinentes. Os dados relevantes foram triados e organizados em quadros no programa da Microsoft Word e categorizados por meio de um fluxograma detalhado. Resultados: Os estudos investigam a relação entre a perda auditiva (PA) e o zumbido, destacando que o desconforto provocado pela PA intensifica sintomas de ansiedade e depressão, cujos níveis aumentam proporcionalmente à gravidade da perda auditiva. No entanto, o zumbido também pode manifestar-se em indivíduos com audição normal, indicando a possibilidade de alterações auditivas subclínicas. A literatura aponta para uma correlação bidirecional entre o zumbido, a ansiedade e a depressão, em que o agravamento de um desses fatores contribui para a intensificação do outro. Os achados revelam que pacientes com zumbido apresentam maior risco de ideação e tentativas de suicídio, o que reforça a importância de intervenções combinadas para aliviar os sintomas emocionais. Adicionalmente, pacientes com zumbido crônico, mesmo na ausência de perda auditiva, registram pontuações mais elevadas em escalas de depressão, demonstrando a complexidade multifatorial do distúrbio, que compromete de forma significativa a saúde mental e a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Conclusão: Conclui-se que há uma relação bidirecional entre zumbido e transtornos psiquiátricos, onde o zumbido agrava a ansiedade e a depressão, enquanto esses transtornos intensificam sua percepção e impacto. Dessa forma, essa interação envolve a qualidade de vida dos pacientes e eleva o risco de ideação e eficácia do suicídio.
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