SAÚDE AUDITIVA DE FUMANTES CRÔNICOS: OS EFEITOS DO CONSUMO DE CIGARROS NA QUALIDADE DA AUDIÇÃO
Santos, I. V. ;
Santos, M. H. L. ;
SILVA, M. H. S. ;
Marques, L. R. ;
Introdução: O tabagismo, com prevalência global de 22,3% entre adultos em 2020, é um dos principais fatores de risco para morbimortalidade, causando oito milhões de mortes anuais. Além de diversos problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, AVC e câncer, o cigarro afeta também a audição. O monóxido de carbono e a nicotina presentes no cigarro causam danos ao sistema auditivo, reduzindo o fluxo sanguíneo e o transporte de oxigênio na cóclea, resultando em perdas auditivas. Estudos mostram que fumantes apresentam limiares auditivos elevados em frequências específicas (3000-6000Hz), especialmente em ambientes com exposição ao ruído, e que o risco de perda auditiva é proporcional ao número de cigarros consumidos e ao tempo de tabagismo. A nicotina também afeta o sistema nervoso auditivo central, sendo investigada por exames como o PEATE. Objetivo: Investigar por meio de uma revisão integrativa de literatura os efeitos da utilização do cigarro na saúde auditiva de fumantes crônicos. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada em dezembro de 2024, que investiga a associação entre o consumo de cigarro e a saúde auditiva de fumantes crônicos. A pesquisa foi guiada pela estratégia PICo: P (população) – fumantes crônicos; I (interesse) – efeito do consumo de cigarro; Co (contexto) – qualidade da audição. A partir disso, elaborou-se a seguinte questão norteadora: Qual a associação entre o consumo de cigarro e a saúde auditiva de fumantes crônicos?". Foram coletados 7 artigos nas bases PubMed e LILACS/BVS, incluindo estudos observacionais, revisões de literatura, relatos de caso e estudos quantitativos. Os descritores utilizados foram "Toxicidade/Toxicity", "Fumantes/Smoking" e "Potencial Evocado Auditivo/Auditory Evoked Potential", combinados com o operador booleano "AND". Critérios de inclusão consideraram estudos primários em inglês e português, disponíveis integralmente, sem limite temporal. Excluíram-se teses, dissertações, duplicados e incompletos. A seleção foi feita em etapas: leitura de títulos e resumos, seguida por leitura integral dos textos relevantes, organização dos dados em quadros no Microsoft Word e categorização dos resultados. Resultados: O tabagismo é um fator de risco significativo para a perda auditiva, especialmente nas altas frequências, devido aos danos causados pelas substâncias tóxicas do cigarro às células sensoriais da cóclea. Estudos indicam que o impacto inicial ocorre na região basal da cóclea, podendo evoluir para frequências convencionais ao longo do tempo. A relação dose-resposta evidencia que a intensidade e a duração do hábito aumentam os danos auditivos, mas a cessação do tabagismo pode reverter parcialmente esses efeitos. Pesquisas apontam maior prevalência de perda auditiva em fumantes, com impacto mais acentuado em idades avançadas devido ao maior tempo de exposição. Exames como a audiometria tonal e o PEATE mostram alterações significativas em fumantes, como piora dos limiares auditivos e alterações na transmissão neural. Conclusão: Conclui-se que o tabagismo é um fator de risco significativo para a perda auditiva, especialmente nas altas frequências, iniciando na região basal da cóclea e caracterizando-se como perda neurossensorial. Há uma relação dose-resposta entre a exposição ao cigarro e os danos auditivos, mas a cessação do tabagismo é eficaz para reduzir esse risco.
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