QUESTIONÁRIO DE AUTOPERCEPÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL (QAPAC) RESPONDIDO POR CRIANÇAS COM E SEM DIFICULDADES ESCOLARES E SEUS PAIS: INFLUÊNCIA DE DETERMINANTES BIOLÓGICOS
Lemos, A. C. P. ;
Carvalho, N. G. ;
Tambascia, B. L. ;
Ubiali, T. ;
Carvalho, B. R. ;
Guadagnini, M. F. ;
Colella-Santos, M. F. ;
Amaral, M. I. R. ;
Introdução: Os questionários de autopercepção têm sido indicados para comporem protocolos de triagem, pois auxiliam no encaminhamento assertivo para a avaliação e a reabilitação em casos de Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC). A triagem eficaz das habilidades auditivas é muito importante nos anos iniciais de alfabetização, visto que, entre os escolares com queixas relacionadas ao aprendizado e desenvolvimento, 1% a 5% apresentam o TPAC. Objetivo: Descrever o desempenho e a influência da idade e do sexo em uma amostra de crianças com e sem dificuldades escolares no Questionário de Autopercepção do Processamento Auditivo Central (QAPAC), bem como comparar com as respostas dos pais. Método: Estudo descritivo-comparativo, de corte transversal, aprovado pelo Comitê de Ética (#6.216.032) e realizado em parceria com uma escola pública. Em ambiente escolar, 114 crianças entre seis e oito anos, falantes do português, sem alterações auditivas periféricas, síndromes ou transtornos do neurodesenvolvimento e com desempenho na média ou acima da média da capacidade intelectual no Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven foram triadas. Os procedimentos foram: Teste de Desempenho Escolar (TDE II) e QAPAC. Dado o desempenho no TDE II, houve divisão em dois grupos: Grupo 1 (G1), com 80 crianças com bom desempenho escolar e média de idade 6,99+0,74 e grupo 2 (G2), com 34 crianças com dificuldade escolar e média de idade 7,03+0,9. Após a etapa escolar, 58 pais compareceram ao laboratório da instituição e responderam ao QAPAC. Foram considerados risco para o TPAC escores ≤43 para 8 anos e ≤45 para 6 e 7 anos. Os resultados foram analisados estatisticamente, sob nível de significância de 5%. Resultados: Os grupos foram homogêneos em relação ao sexo (p=0,884) e à idade (p=0,800). No G1, a média de escore no QAPAC foi de 43,86+6,69 entre as crianças e 43,56+9,28 entre os pais para seis anos, 43,89+6,07 entre as crianças e 46,94+6,77 entre os pais para sete anos e 46,52+4,82 entre as crianças e 47,42+6,82 entre os pais para oito anos. No G2, a média foi de 45,38+8,68 na versão das crianças e 53 na versão dos pais para seis anos, 39,86+7,20 na versão das crianças e 49,5+7,33 na versão dos pais para sete anos e 40,50+8,64 na versão das crianças e 42,71+4,54 na versão dos pais para oito anos. No G1, tanto pais (+3,38) quanto crianças (+3,22) perceberam melhora do comportamento auditivo com o aumento da idade, enquanto no G2 há piora para os pais (-5,62) e para as crianças (-5,78). No entanto, a diferença estatística (p=0,026) indica que para as crianças a melhora só foi percebida dos sete para os oito anos de idade, enquanto os pais perceberam melhora entre os seis e sete anos de idade. Conclusão: Com o aumento da idade, os pais e as crianças do G1 perceberam melhora do comportamento auditivo, enquanto no G2 perceberam piora, sendo que o sexo não influenciou. Houve diferença estatística entre as respostas dos pais e das crianças, pois enquanto os pais perceberam melhora já aos sete anos, as crianças perceberam aos oito anos.
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