RESULTADOS DO TESTE DE DESEMPENHO ESCOLAR EM CRIANÇAS SUBMETIDAS A AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
Tambascia, B. L. ;
Lemos, A. C. P. ;
Carvalho, N. G. ;
Ubiali, T. ;
Carvalho, B. R. ;
Guadagnini, M. F. ;
Colella-Santos, M.F. ;
Amaral, M. I. R. ;
Introdução: O Teste de Desempenho Escolar II (TDE-II) é um instrumento psicométrico validado e normatizado para a população brasileira na avaliação da leitura, escrita e aritmética. Na literatura nacional, verifica-se escassez de estudos que associam os resultados do TDE com as habilidades auditivas importantes para o desempenho acadêmico.
Objetivo: Analisar os resultados da aplicação dos subtestes de leitura e escrita do TDE-II em crianças com e sem Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
Método: estudo descritivo-observacional, prospectivo, de corte transversal e abordagem quantitativa, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (No 6.216.032), realizado em parceria com uma escola da Rede Pública. Foram convidadas crianças de 6 a 8 anos de ambos os sexos, falantes nativas do português, sem diagnósticos de síndromes, alterações do neurodesenvolvimento ou perda auditiva periférica e com desempenho mínimo na média da capacidade intelectual no Teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. A Etapa 1 ocorreu na escola com a aplicação do Teste Raven, avaliação audiológica básica e Teste de Desempenho Escolar -TDE-II- subtestes de leitura e escrita. O subteste de leitura foi aplicado individualmente, com leitura de 36 palavras e o subteste de escrita foi realizado em pequenos grupos, com ditado de 40 palavras. Os dados foram analisados com base nos valores normativos do TDE-II para escolas públicas, considerando escore e percentil. Os escores do TDE-II equivalem a percentis que variam de <1 a ≤99, apresentado interpretação de déficit muito grave a desempenho superior por subteste. A Etapa 2 aconteceu no Laboratório de Audiologia da Instituição, constituída pela anamnese com os responsáveis e avaliação comportamental do PAC, incluindo o Teste Dicótico de Dígitos – etapa de integração binaural, Teste de Identificação de Sentenças Pediátricas (PSI), Teste Consoante-vogal (atenção livre), Teste de Intervalos Aleatórios (RGDT) e Teste de Padrão de Frequência (TPF). O diagnóstico de TPAC considerou no mínimo dois testes alterados. Ao final, 59 crianças compuseram a amostra: 41 (69,49%) com desempenho normal na avaliação, sendo 23 meninos (56,1%) e com média de idade de 7,64+0,72, formaram o grupo 1 (G1); e 18 (30,51%) diagnosticadas com TPAC, incluindo 6 meninos (33,33%) e com média de idade de 7,42+0,79, formaram o grupo 2 (G2). O desempenho entre os grupos foi comparado estatisticamente pelo Mann-Whitney test, com significância de 5%.
Resultados: Observou-se um pior desempenho do G2 no escore dos subtestes de leitura (p=0,0471) e escrita (p=0,0363) em comparação com o G1. Quanto ao escore do subteste de leitura, observou-se média e desvio padrão de 28,1+9,9 para G1 e 19,7+15,3 para G2. Já no subteste de escrita, G1 obteve escore médio de 19,4+9,3 e G2 12,9+12,2. Não foi identificada diferença significativa quanto ao percentil de ambos os subtestes.
Conclusão: Os escolares com diagnóstico de TPAC apresentaram pior desempenho no escore de ambos os subtestes do TDE-II. Os achados reforçam a importância de um olhar multidisciplinar, associando instrumentos para embasar estratégias de intervenção.
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