40º Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO EM MÚSICOS COM OUVIDO ABSOLUTO: INVESTIGANDO AS BASES NEUROFISIOLÓGICAS DO MODELO PERCEPTUAL
Leite Filho, C. A. ; Rocha-Muniz, C. N. ; Schochat, E. ;

Introdução: o modelo perceptual é uma das propostas teóricas para explicar a habilidade de nomear notas musicais sem referências externas, denominada ouvido absoluto, e estabelece que ela emergiria de uma via auditiva com uma codificação espectrotemporal mais refinada do som, garantindo maior acurácia na identificação e categorização de alturas sonoras. Há um extenso debate sobre a validade deste modelo e dos seus correlatos neurofisiológicos. No presente estudo, hipotetizou-se que, caso a via auditiva de músicos com ouvido absoluto apresente diferenças anatomofuncionais, conforme preconizado pelo modelo perceptual, então serão observadas diferenças na sincronia neural, avaliada pelo potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE), em comparação a músicos sem ouvido absoluto, sugerindo uma relação entre este fenômeno e a atividade neuroelétrica do tronco encefálico relacionada à audição. Objetivo(s): investigar a presença de associações entre o ouvido absoluto e medidas do PEATE em músicos profissionais. Metodologia: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (Parecer Nº 2.807.397). Quinze músicos profissionais, sendo seis do gênero feminino, com idades entre 21 e 30 anos e pelo menos oito anos de treinamento musical, participaram do estudo. Todos apresentaram resultados dentro da normalidade para a audiometria convencional e imitanciometria e histórico negativo para alterações neurológicas, cognitivas ou linguísticas. Os participantes realizaram um teste de nomeação de tons musicais, sendo organizados em dois grupos com oito e sete músicos, respectivamente: Grupo Ouvido Absoluto (GOA, média = 88,5% acertos) e Grupo Músicos (GM, média = 19,4% acertos). Em seguida, os voluntários foram submetidos ao PEATE realizado bilateralmente com estímulo clique apresentado em polaridade rarefeita a 80 dBnNA. Realizaram-se duas varreduras de 2000 estímulos e, após a confirmação da reprodução do traçado por inspeção visual, foi realizada a marcação das ondas I, III e V. Os grupos foram comparados em relação às latências absolutas e interpicos por meio de modelos mistos generalizados controlados para idade, gênero, orelha e idade de início do treinamento musical. Devido ao baixo número amostral, consideraram-se significativos os resultados com p ≤ 0,05 ou tamanho do efeito moderado ou maior (r ≥ 0,30). Resultados: Quanto às latências absolutas, houve diferenças significativas para as ondas I e III, com média de diferença de, respectivamente, 0,08 ms a menos (p = 0,050, r = 0,58) e 0,07 ms a mais (p = 0,328, r = 0,31) para o GOA. Além disso, o GOA apresentou maior intervalo I-III (média = 0,15 ms, p = 0,038, r = 0,60) e menor intervalo III-V (média = 0,09 ms, p = 0,093, r = 0,51). Maiores taxas de acertos no teste de nomeação de notas musicais se correlacionaram com maiores valores de latência para onda III e intervalo I-III e menores valores de latência para onda I e intervalo III-V (0,041 ≤ p ≤ 0,346, r ≥ 0,30). Conclusões: O ouvido absoluto se associou a diferenças nas latências absolutas das ondas I e III e interpicos I-III e III-V do PEATE, evidenciando diferenças na sincronia neural da via auditiva, conforme previsto pelo modelo perceptual.
DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.1577
ISSN 1983-1793X
https://eia.audiologiabrasil.org.br/anais-trabalhos-consulta/1577


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