TREINAMENTO AUDITIVO-COGNITIVO EM GRUPO POR TELEATENDIMENTO EM PESSOAS IDOSAS USUÁRIAS DE DISPOSITIVO ELETRÔNICO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA
Andrade, C. M. ;
Belaunde, A. M. A. ;
Braga Junior, J. ;
Freitas, M. I. D. ;
Scharlach, R. C. ;
Pinheiro, M. M. C. ;
Moreira, B. S. ;
Introdução: Pessoas idosas queixam-se de dificuldades na compreensão de fala, principalmente em situações de escuta complexas, impactando as funções comunicativas e qualidade de vida. As habilidades auditivas centrais e as funções cognitivas influenciam nos benefícios proporcionados pelos dispositivos eletrônicos de amplificação sonora (DEAS). O treinamento auditivo-cognitivo nesta população promove um melhor desempenho na compreensão de fala devido a plasticidade neural. O teleatendimento é um modelo viável na intervenção e reabilitação de pacientes. Objetivo: Avaliar os benefícios de uma proposta de intervenção em treinamento auditivo-cognitivo por telelatendimento em grupo com pessoas idosas usuárias de DEAS em relação às habilidades auditivas, aspectos cognitivos e sintomas depressivos. Metodologia: Estudo prospectivo, descritivo, longitudinal, aprovado pelo comitê de ética e pesquisa em seres humanos sob parecer 4.736.988. Participaram do estudo 24 pessoas idosas com perda auditiva sensorioneural de grau leve a moderadamente severo, simétrica, novas usuárias de dispositivos eletrônicos de amplificação sonora de dois serviços ambulatoriais de Saúde Auditiva (SASA). A amostra foi constituída por 12 idosos no Grupo Controle ( GC) que não realizaram treinamento auditivo-cognitivo (TAC) e por 12 no Grupo Estudo (GE) que participaram do treinamento auditivo-cognitivo. Ambos os grupos receberam as mesmas avaliações pré e pós. Os instrumentos utilizados foram: Montreal Cognitive Assessment (MoCA), Geriatric Depression Scale – (GDS-15) e o programa online AudBility de avaliação de habilidades auditivas.O treinamento foi realizado na modalidade síncrona, com treino auditivo e cognitivo, duas vezes por semana, com duração mínima de 45 minutos. Na análise estatística inferencial adotou-se um nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: As sessões do TAC ocorreram em grupos com 4 idosos participantes, sendo formados no total 3 grupos. Cada treinamento ocorreu em 16 sessões. Verificou-se por meio do AudiBility que após a intervenção o GE apresentou melhora significativa da habilidade de resolução temporal em 8ms (p- valor 0,015), em 10 ms (p-valor 0,028) e 15 ms( p-valor- 0,062). Na ordenação temporal houve uma melhora de 5% (p-valor 0,052) e na orelha esquerda houve uma melhora de 30% no pós ( p- valor 0,056), na habilidade de integração binaural,avaliada pelo teste dicótico de dígitos, houve melhora no desempenho no geral, especialmente na orelha esquerda que foi 67,9% no pré e 81,7% no pós (p-valor 0,069). Houve diferença significativa nos aspectos de depressão avaliados pelo GDS no GE (p-valor 0,004). Em relação aos aspectos cognitivos houve tendência de melhora entre as avaliações pré e pós treinamento auditivo (p-0,074). Não houve diferença significativa para o GC na maior parte das habilidades avaliadas pelo AudiBility. Conclusão: Houve melhora no GE dos aspectos de depressão, habilidades auditivas temporais e na integração binaural, principalmente na orelha esquerda, evidenciando os efeitos positivos desta abordagem em conjunto com o uso de DEAS. Esta proposta de treinamento auditivo-cognitivo poderá contribuir para a adesão de pessoas idosas no processo de reabilitação após a concessão de DEAS no SASA, assim como promover o seu uso efetivo e atender a demanda reprimida nos serviços.
DADOS DE PUBLICAÇÃO