AVALIAÇÃO ELETROFISIOLÓGICA EM ESCOLARES COM DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA
Ubiali, T. ;
Carvalho, N. G. ;
Lemos, A. C. P. ;
Tambascia, B. L. ;
Carvalho, B. R. ;
Guadagnini, M. F. ;
Amaral, M. I. R. ;
Mata, C. G. ;
Colella-Santos, M. F. ;
Introdução: A literatura relata que dificuldades de leitura e escrita frequentemente podem aparecer associadas ao Transtorno de Processamento Auditivo Central (TPAC). A utilização de testes eletrofisiológicos é recomendada para complementar a avaliação comportamental no diagnóstico do TPAC, pois investigam a atividade neural em resposta a um estímulo acústico, fornecendo medidas objetivas sobre a eficiência, funcionalidade e integridade das vias auditivas centrais. Objetivo: Analisar o desempenho de crianças com e sem dificuldades escolares em leitura e escrita nos testes eletrofisiológicos do processamento auditivo central (PAC). Métodos: Estudo descritivo, comparativo e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética (nº 6.216.032) e realizado em parceria com uma escola da rede pública. Foram incluídos 39 escolares com faixa etária entre 6 e 8 anos de idade, falantes nativos do português brasileiro, com desempenho cognitivo classificado na média ou acima da média da capacidade intelectual, sem alterações auditivas periféricas e que não apresentassem síndromes ou transtornos do neurodesenvolvimento. Os escolares foram divididos em dois grupos de acordo com a performance nos subtestes de leitura e escrita do Teste de Desempenho Escolar (TDE-II): 21 crianças (média de idade 7,52 +0,57 anos, 12 do sexo feminino) com desempenho médio ou superior foram incluídas no grupo controle (GI) e 18 crianças (média de idade 7,72 +0,60 anos, 11 do sexo feminino) que apresentaram desempenho médio-inferior ou inferior nos subtestes de leitura e escrita foram incluídos no grupo com dificuldade escolar (GII). Os procedimentos realizados foram: triagem cognitiva (Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven), avaliação do desempenho escolar (subtestes de leitura e escrita - TDE-II), avaliação audiológica básica e testes comportamentais e eletrofisiológicos do PAC. Os testes eletrofisiológicos realizados foram: Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico - PEATE, Frequency-Following Response – FFR (/da/ de 40 ms), Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência – PEALL/P300 – evocados a partir do paradigma de oddball por estímulos de fala (frequente/raro = ba/da). Foi utilizado o equipamento IHS, fones de inserção e eletrodos nas posições Cz (ativo), Fpz (terra) e M1/M2 (referência). Resultados: No GI, a única alteração encontrada no PEATE foi a razão da amplitude (AR) V/I (cinco crianças - 23,8%), enquanto no GII dez crianças (55,5%) apresentaram alterações, sendo elas: aumento da latência das ondas III (três crianças) e V (duas crianças) e diminuição da AR-V/I (cinco crianças), porém na comparação entre os grupos não foram encontradas diferenças significativas (p>0,05). No FFR, o GI apresentou latências menores em relação ao GII para todas as ondas, mas sem significância estatística. Em relação ao PEALL, o GII mostrou prolongamento da latência de P1 e diminuição da amplitude P1-N1 na OD, mas sem significância estatística. Conclusão: Apesar de não terem sido evidenciadas diferenças estatísticas entre os grupos, foi possível observar maior número de alterações no grupo de crianças com dificuldade escolar (GII). Desse modo, a avaliação eletrofisiológica deve ser complementar à avaliação comportamental do PAC e pode contribuir para o diagnóstico diferencial do TPAC nessa população.
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