MONITORAMENTO AUDIOLÓGICO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA
Maraninchi, F. M. ;
Boscolo, C. C. ;
Gregory, L. ;
Gregianin, L. J. ;
Introdução: O câncer é definido como um conjunto de mais de 100 doenças que possuem como característica o crescimento anormal e desordenado de células, com capacidade para invadir outras estruturas orgânicas, e que pode se desenvolver em qualquer etapa da vida. Dentre os diversos tipos de câncer, está a leucemia, que acomete os glóbulos brancos e possui como principal característica o acúmulo de células cancerosas localizadas na medula óssea substituindo as células sanguíneas normais. Na população infantojuvenil, a leucemia representa o tipo mais comum de câncer. A quimioterapia, um dos tratamentos mais comuns e de eficácia comprovada para a leucemia, é composta por vários medicamentos extremamente potentes, incluindo ototóxicos, que podem lesar estruturas da orelha interna, causando perdas auditivas irreversíveis. Esse tipo de perda é particularmente prejudicial na população infantil, pois implica negativamente no processo de aquisição das habilidades de linguagem e comunicação das crianças. Dessa forma, um monitoramento auditivo adequado se torna essencial para reduzir o impacto de danos na função auditiva, além de contribuir para a adequação do tratamento, minimizando os riscos à audição. Objetivo: Analisar os exames audiológicos de crianças e adolescentes com leucemia durante e após o tratamento oncológico com quimioterapia e identificar os tipos de alterações auditivas. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo com análise de dados de exames audiológicos. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número 6.831.581. Fizeram parte da amostra crianças e adolescentes com idade inferior a 18 anos, com diagnóstico de leucemia, com tratamento realizado com quimioterapia já concluído há mais de 6 meses, e avaliação audiológica completa. Foram analisados os exames de audiometria tonal liminar, audiometria vocal, medidas de imitanciometria e emissões otoacústicas evocadas transientes e produto de distorção realizados durante e após o tratamento, bem como os achados na anamnese. Resultados: Participaram do estudo nove crianças, de ambos os sexos, com média de idade de 11,3 anos. Todos apresentaram limiares auditivos dentro do padrão de normalidade e emissões otoacústicas transientes e produto de distorção presentes bilateralmente nos exames realizados durante a quimioterapia. Após a finalização do tratamento, observou-se aumento da média dos limiares na audiometria tonal liminar nas frequências agudas em ambas as orelhas e emissões otoacústicas transientes e produto de distorção ausentes bilateralmente em duas crianças. Houve diferença na associação entre idade e ocorrência de alteração auditiva. Conclusão: Foram observadas alterações auditivas em três crianças após a finalização do tratamento quimioterápico, sendo duas perdas auditivas do tipo condutiva e uma do tipo neurossensorial. Dessa forma, é primordial um monitoramento audiológico efetivo, a fim de minimizar os riscos da ototoxicidade e possibilitar um diagnóstico e intervenção precoces.
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