CONTRIBUIÇÃO DO P300 NO DIAGNÓSTICO DO TDAH: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Santos, M. H. L. ;
Santos, I. V. ;
Silva, M. H. S. ;
Gomes, M. S. ;
Fernandes, L. C. B. C. ;
Introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o transtorno de neurodesenvolvimento mais comum em crianças e adolescentes, caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade desde a primeira infância. Estudos sugerem que os déficits cognitivo-comportamentais no TDAH decorrem da integridade reduzida de várias redes neurais, incluindo as redes frontoestriatais e frontoparietais. Métodos de Potenciais Relacionados a Eventos (PRE), especialmente o P300, têm sido empregados para identificar diferenças no funcionamento executivo. A atenuação da amplitude do P300 é uma descoberta consistente em indivíduos com TDAH, refletindo déficits cognitivos e alterações no processamento neural. Embora bastante utilizado no estudo do transtorno, o P300 ainda não é incorporado como critérios de diagnóstico, que permanece baseado na observação clínica, gerando debates na comunidade médica. Objetivo: descrever por meio de uma revisão integrativa de literatura os resultados de estudos que empregaram o P300 no diagnóstico de indivíduos com TDAH. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada em janeiro de 2025 com a seguinte questão norteadora: "O P300 colabora no diagnóstico do TDAH?". Os artigos foram obtidos nas bases PubMed e MEDLINE, abrangendo estudos observacionais, revisões de literatura e de natureza quantitativa. Os descritores utilizados na busca foram "potencial evocado P300" e "transtorno do déficit de atenção com hiperatividade", combinados pelo operador booleano "AND". Foram considerados estudos primários, publicados entre 2019 e 2024, disponíveis integralmente em Inglês ou Português, excluindo teses, dissertações, estudos duplicados ou incompletos. Resultados: Na busca foram obtidos 252 artigos, sendo 52 no PubMed e 157 na Medline. Após a leitura e seleção foram eleitos 5 artigos para esse estudo. Estudos sugerem que a latência P3 pode servir como um marcador neurofisiológico valioso para o diagnóstico do TDAH. A latência prolongada no TDAH está associada ao processamento cognitivo mais lento e déficits de atenção. Além disso, esses pacientes frequentemente exibem amplitudes de onda mais altas no lobo parietal central, indicando padrões neurais distintos. Estudos também confirmam que pacientes com TDAH apresentam amplitudes médias de P300 atenuadas, refletindo déficits em funções executivas e controle inibitório. A amplitude do P300, reduzida em tarefas de atenção sustentada, serve como um biomarcador promissor para o diagnóstico do TDAH. Ainda foi observado, que o P300 pode ser influenciado positivamente por tratamentos estimulantes, como o metilfenidato, que reduz a latência prolongada observada em sujeitos com TDAH. Os estimulantes aumentam a amplitude do P300, indicando maior coordenação da ativação cortical, o que sugere que as alterações morfológicas do P300 estão ligadas ao recrutamento reduzido de neurônios corticais no TDAH. Conclusão: Conclui-se que as alterações na latência e amplitude do P300 estão associadas a déficits cognitivos e de atenção em indivíduos com TDAH, sugerindo seu potencial como ferramenta diagnóstica. O efeito positivo dos estimulantes na normalização dessas alterações reforça o valor do P300 na avaliação da resposta ao tratamento, tornando-o um biomarcador promissor na personalização de intervenções terapêuticas no TDAH.
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