PERFIL OTONEUROLÓGICO EM PACIENTES VERTIGINOSOS
Azevedo, A. S. ;
Ubrig, M. T. ;
Queija, D. S. ;
Araujo, V. A. F. ;
Introdução: a otoneurologia é a área responsável pelo estudo e avaliação do equilíbrio corporal, oferecendo métodos para avaliar a função vestibular e auxiliar no diagnóstico das disfunções associadas. Cerca de 85% dos casos de tontura e vertigem têm origem no sistema vestibular, que pode apresentar disfunções periféricas ou centrais. As disfunções vestibulares periféricas envolvem alterações na orelha interna ou no nervo vestibular, enquanto as disfunções centrais decorrem de alterações nas conexões entre o sistema vestibular e o sistema nervoso central. Objetivo: traçar o perfil otoneurológico dos pacientes vertiginosos atendidos em uma clínica escola. Metodologia: trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa realizada durante o estágio supervisionado em Otoneurologia dos alunos do quarto ano de graduação em Fonoaudiologia. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o parecer nº 6.862.638. Foram avaliados 25 indivíduos, de ambos os gêneros, com idades entre 20 e 89 anos, no período de maio a setembro de 2024. Os participantes foram submetidos a uma avaliação abrangente, que incluiu anamnese detalhada, exames audiológicos, avaliação vestibular por vectoeletronistagmografia (VENG) e aplicação do questionário Dizziness Handicap Inventory (DHI) brasileiro realizados na clínica. A realização da VENG exigiu o cumprimento de orientações específicas, como suspensão de medicamentos não vitais por 48 horas e restrições alimentares, cosméticas e a não utilização de lentes de contato antes do exame. Resultados: dos 25 pacientes avaliados, 22 eram do gênero feminino (88%), enquanto 3 (12%) eram do gênero masculino e a mediana de idade foi de 59 anos, com média de 56,6 ±16,0 anos. Os exames audiométricos mostraram que 72% dos pacientes apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, enquanto 28% tinham perda auditiva neurossensorial de grau leve a moderado. A imitanciometria indicou predominância de curva tipo A em 60% dos casos. A avaliação vestibular por VENG revelou alterações periféricas em 68% dos pacientes, com predomínio de disfunção vestibular (32%) e hipofunção unilateral (24%). Alterações centrais foram observadas em 4% dos casos. O DHI apontou impacto moderado na qualidade de vida em 44% dos pacientes e severo em 36%, com destaque para os aspectos funcionais e emocionais. Conclusões: o estudo demonstrou alta prevalência de alterações vestibulares periféricas em pacientes vertiginosos, predominantemente em mulheres e idosos, com significativo impacto na qualidade de vida, especialmente nos aspectos funcional e emocional. Esses resultados reforçam a importância de avaliações otoneurológicas abrangentes, utilizando ferramentas como a VENG e o DHI, e evidenciam a necessidade de intervenções terapêuticas integradas, incluindo a reabilitação vestibular e um olhar mais abrangente ao paciente para as questões emocionais, a fim de melhorar o equilíbrio e a funcionalidade dos indivíduos.
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