EFEITO DO TREINAMENTO AUDITIVO EM PACIENTES COM QUEIXA DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Melo, N. C. O. ;
Figueiredo, D. F. ;
Medeiros, V. N. ;
Miranda, A. C. ;
Cunha, V. L. C. ;
Silva, S. A. ;
Lima, D. O ;
Rosa, M. R. D ;
Introdução: A leitura é um processo complexo que depende da integração de várias habilidades, como a percepção visual e a memória auditiva, ambas fundamentais para uma leitura eficaz. Essas habilidades estão interligadas e desempenham papel essencial no aprendizado. O sequenciamento auditivo e visual está relacionado às propriedades do sistema transiente no cérebro, mediado pelos neurônios do sistema magnocelular. Esses neurônios contribuem para a interação entre o processamento auditivo e a percepção visual, elementos cruciais no processo de aquisição da leitura. O Processamento Auditivo Central (PAC) é responsável por interpretar e organizar os sinais acústicos captados pelo sistema auditivo. Quando existem déficits no PAC, surge o Transtorno de Processamento Auditivo Central (TPAC), que pode prejudicar o desempenho escolar, especialmente em habilidades como leitura e compreensão textual. Uma estratégia eficaz para superar essas dificuldades é o treinamento auditivo (TA), que promove mudanças no sistema nervoso auditivo central. Por meio de exercícios específicos, o TA desenvolve habilidades como discriminação de sons e sequenciamento, ajudando a minimizar os impactos do TPAC. Assim, o PAC e a percepção visual desempenham papéis complementares na leitura e na aprendizagem. Intervenções como o TA são fundamentais para promover o desenvolvimento dessas habilidades e garantir uma base sólida para o aprendizado Objetivo: Investigar a eficácia do TA em pacientes com queixa de dificuldade de aprendizagem. Metodologia: Trata-se de um ensaio clínico não controlado realizado com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com parecer de número 6.196.845 e avaliou o PAC antes e após o TA. O estudo foi realizado na clínica-escola de Fonoaudiologia no setor de Audiologia. E participaram da pesquisa 8 voluntários com queixas de dificuldade de aprendizagem e que apresentaram alteração na avaliação do PAC. As crianças passaram pela avaliação audiológica e pela avaliação do PAC. O grupo selecionado participou de sessões de TA formal em cabine acústica por 8 semanas, com uma sessão semanal de aproximadamente 45 minutos. Resultados: Durante as oito sessões de TA, foi trabalhado o treinamento de todas as habilidades auditivas, independentemente das alterações detectadas na avaliação inicial do PAC, utilizando atividades formais propostas na metodologia deste estudo. O TA tem o potencial de promover uma reorganização neuronal no sistema auditivo e nas conexões com outros sistemas sensoriais relacionados, resultando em uma melhoria das habilidades previamente alteradas. Os resultados encontrados nos testes pré e pós TA indicam uma melhora geral no desempenho auditivo das crianças, com resultados significativos observados nos testes PSI OE, FR OD e OE, PPS e MLD. Ao comparar os resultados deste estudo com trabalhos semelhantes, percebe-se que os achados dos testes realizados após as sessões de TA estão alinhados com outros estudos, os quais demonstram que as habilidades do PAC podem ser treinadas e, consequentemente, aprimoradas. Conclusão: O TA mostrou-se eficaz, com melhorias notáveis na maioria das habilidades auditivas. No entanto, algumas habilidades não demonstraram resultados significativos. Portanto, é necessário revisar o programa de intervenção, possivelmente ampliando o número de sessões, para alcançar uma melhora mais significativa e abrangente em todas as habilidades.
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