NEUROPLASTICIDADE EM IDOSOS COM PERDA AUDITIVA: REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE O IMPACTO DO USO DE PRÓTESES AUDITIVAS NOS POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE LONGA LATÊNCIA.
Abbas,N.A. ;
Almeida, K. ;
Rocha-Muniz, C.N. ;
Introdução: A perda auditiva relacionada ao envelhecimento (presbiacusia) é um desafio crescente, afetando 2,5 bilhões de pessoas até 2050, segundo a OMS. Esse quadro compromete não apenas a audição, mas também a cognição e a qualidade de vida. Estudos indicam que o uso de dispositivos eletrônicos de amplificação sonora (DEAS), pode promover plasticidade cerebral ao reintroduzir estímulos auditivos. Alterações no Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC) são avaliadas por Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência (PEALLs), que oferecem insights sobre a eficácia dessa intervenção.
Objetivo: Revisar sistematicamente estudos que analisaram as mudanças nos PEALLs em idosos com perda auditiva neurossensorial (PANS) usuários dos dispositivos eletrônicos de amplificação sonora (DEAS), verificando alterações de latência e amplitude dos componentes P1, N1 e P2.
Metodologia: A revisão seguiu as diretrizes do Cochrane Handbook e foi registrada no PROSPERO. As buscas foram realizadas em oito bases de dados, incluindo PubMed, Cochrane Library, Scopus, Scielo, Web of Science, BVS, Lilacs e Directory of Open Access Journals, considerando publicações desde o início do registro dessas bases de dados até a data da realização da busca. Os descritores utilizados para o levantamento bibliográfico, foram identificados a partir de uma pesquisa no sistema DeCS e no MeSH. Foram selecionados os seguintes descritores: “neuroplasticidade”, “reabilitação”, “perda auditiva”, “auxiliares de audição”, “idosos”, “potenciais auditivos evocados”, com os seus correspondentes para a língua inglesa. Foi utiliza a plataforma Rayyan para registro e compartilhamento das decisões entre os revisores. A análise baseou-se na estratégia PICO (P (população) - Idosos; I (Intervenção) - DEAS; C (Comparador) – PEALL antes e após uso do DEAS; O (Desfecho) - diminuição de latência e aumento de amplitude dos PEALLs) e seguiu o protocolo PRISMA. Dois revisores independentes analisaram os estudos e extraíram dados sobre desenho metodológico, critérios de inclusão, análise estatística e desfechos. Para avaliação do risco de viés, foram aplicadas as ferramentas RoB2 para ensaios randomizados e ROBINS-I para estudos não randomizados.
Resultados: Dos 960 estudos encontrados, apenas nove atenderam aos critérios de inclusão. Alterações neurofisiológicas significativas foram observadas após seis meses de uso do DEAS, com redução de latência e aumento de amplitude nos componentes P1 e N1, sugerindo reorganização cortical. Estudos de curta duração (≤3 meses) não identificaram mudanças consistentes. Estudos longitudinais apontaram melhorias gradativas na cognição e percepção auditiva, correlacionadas ao uso contínuo do DEAS. Entretanto, a heterogeneidade metodológica e o uso de amostras pequenas limitaram a generalização dos achados.
Conclusões: A utilização prolongada de DEAS promove mudanças positivas no SNAC em idosos, evidenciadas por alterações nos PEALLs e benefícios comportamentais. No entanto, essas mudanças não são uniformes, destacando a necessidade de mais estudos com amostras maiores e delineamentos robustos. Resultados sugerem que a adaptação cortical ao DEAS requer tempo, sendo crucial para reverter os efeitos da privação auditiva e melhorar a qualidade de vida.
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