INTERVENÇÃO EDUCACIONAL FOCADA EM COMPETÊNCIAS CLÍNICAS PARA O ATENDIMENTO DE PESSOAS COM SURDEZ
Dias, R.C.T ;
Nascimento, G.F.F ;
Silva, L.G.S ;
Freitas Junior, R.G.A.O ;
Introdução: As ferramentas não-verbais de comunicação e de Comunicação Alternativa Aumentativa (CAA) são desconhecidas pela maioria dos profissionais médicos, comprometendo a interação comunicacional com pessoas surdas. A impossibilidade da comunicação pode representar verdadeiro entrave à efetividade do atendimento, à formação de vínculo médico-paciente e ao processo de orientação para o tratamento, o que envolve também a segurança desses usuários. As ausências existentes nos conteúdos programáticos dos Cursos de Medicina quanto a atenção à saúde da pessoa com deficiência podem ser o fator principal para este entrave. Objetivo: Analisar o conhecimento de graduandos em Medicina acerca da pessoa com deficiência e de estratégias de CAA. Metodologia: Estudo de intervenção, classificado como misto, descritivo e exploratório, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número de parecer 4.918.387. Participaram do estudo 20 graduandos de medicina, no qual foram submetidos a um treinamento focado em CAA, visando a inclusão da pessoa com deficiência nos cuidados de saúde. Os participantes responderam um questionário pré e pós intervenção, que incluía questões sobre habilidades profissionais em relação à promoção de cuidado a pessoas não verbais, o conhecimento sobre ferramentas de CAA e a confiança no atendimento para pessoas com deficiência. O treinamento incluiu o conhecimento sobre tipos de perda auditiva, uso da língua brasileira de sinais (LIBRAS), símbolos, da CAA e a aplicabilidade das mesmas na prática clínica. Os dados foram submetidos a análise estatística por meio de teste de Friedman e post-hoc de Holm. Além disso, foram coletadas respostas qualitativas por meio de questões abertas, permitindo que os estudantes refletissem sobre sua experiência com o treinamento, os aprendizados adquiridos e as mudanças em suas atitudes e práticas. Resultados: A análise quantitativa indicou melhoria significativa na percepção dos estudantes após o treinamento sobre CAA (p<0,05). Foram observadas melhorias em aspectos como conhecimento sobre o uso de ferramentas de CAA e segurança no atendimento direcionados a pessoas com deficiência (p<0,05). A avaliação qualitativa evidenciou que o treinamento contribuiu para que os estudantes considerassem a implementação de recursos como libras, símbolos e gestos, no atendimento de pacientes, além de promover a conscientização sobre as barreiras de comunicação enfrentadas por pessoas com deficiência, que levam ao capacitismo. Com relação à satisfação, 100% dos estudantes expressaram a satisfação com o treinamento e a valorização das ferramentas de CAA, reconhecendo a importância de integrar essas habilidades na prática médica. Os achados sugerem que a inclusão de treinamentos em CAA nos currículos de medicina é fundamental para a formação de profissionais mais preparados para oferecer cuidados de saúde de qualidade, sem barreiras de comunicação. Conclusão: o estudo evidenciou um impacto significativo do treinamento em CAA na formação de estudantes de medicina, demonstrando melhorias na confiança, no conhecimento e na percepção da capacidade de atender pacientes com deficiência auditiva e não verbais, levando a mudanças atitudinais em relação ao manejo do paciente com deficiência, promovendo uma prática médica mais inclusiva e ética.
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