SERVIÇOS DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL: REVISÃO INTEGRATIVA SOBRE A EFETIVIDADE NO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA PERDA AUDITIVA
Taborda, L. P. ;
Oliveira, M. K. ;
Didoné, D. D. ;
Rodrigues, R. M. ;
Introdução: A triagem auditiva neonatal (TAN) tornou-se obrigatória no Brasil em 2010, como o primeiro passo para o diagnóstico e intervenção precoce das perdas auditivas, buscando evitar atrasos no desenvolvimento de crianças diagnosticadas. Objetivo: Revisar as informações disponíveis na literatura sobre a eficácia, eficiência e impacto dos serviços de TAN na detecção precoce da perda auditiva. Metodologia: Realizou-se uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, SciELO e PubMed, utilizou-se descritores e operadores booleanos seguindo a estratégia PICO. A seleção dos estudos ocorreu de forma independente por dois revisores em duas etapas: leitura de títulos e resumos, seguida da leitura integral dos artigos. Os critérios de inclusão foram: estudos que avaliaram a qualidade ou descreveram serviços de TAN, com textos completos publicados entre 2010 a junho de 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol. Critérios de exclusão: artigos que não mencionaram as etapas subsequentes aos testes de triagem ou a idade do diagnóstico, capítulos de livros, dissertações, teses, revisões de literatura e textos de acesso restrito. A pesquisa inicial resultou em 1180 estudos, dos quais 29 foram incluídos. Os dados foram extraídos com base nas diretrizes de atenção da TAN e sistematizados para análise em estrutura, processo e resultado, utilizando a tríade de Donabedian para avaliar serviços de saúde. Resultados: Em estrutura, observou-se que a maioria dos serviços descritos carecia de um banco de dados unificado para a TAN e que os protocolos de triagem eram divergentes, sendo o exame de emissões otoacústicas evocadas transientes, o mais utilizado, enquanto o potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático, foi pouco relatado. As principais limitações ocorreram na etapa de diagnóstico, com insuficiência de serviços, equipamentos e profissionais para atender à demanda. Poucos estudos abordaram a intervenção, e, quando o fizeram, mencionaram aparelhos de amplificação sonora individuais e implantes cocleares. Em processo, observou-se que 11 estudos relataram uma taxa de cobertura da TAN dentro do desejado. A taxa de encaminhamento ao diagnóstico foi satisfatória na maioria dos casos, porém, o comparecimento foi baixo, devido a taxas de evasão acima do preconizado. O início da terapia fonoaudiológica raramente foi mencionado nos estudos. No aspecto resultado: 14 serviços concluíram a TAN antes do primeiro mês de vida dos neonatos. Oito estudos tiveram serviços que conseguiram alcançar o diagnóstico no tempo preconizado, e, três alcançaram a intervenção no período adequado. Conclusão: Os serviços de TAN apresentam fragilidades em sua estrutura, processo e resultados, causando atraso nas etapas de triagem, diagnóstico e intervenção. As maiores problemáticas estão nos estágios subsequentes à triagem, uma vez que mesmo os serviços com boa cobertura, não conseguiram realizar o diagnóstico precoce. Existe uma limitação no número de serviços, profissionais e equipamentos para diagnóstico, além de dificuldades de acesso à intervenção. Portanto, os serviços de TAN não têm alcançado seus objetivos, principalmente nas etapas de diagnostico e intervenção precoce das perdas auditivas. Logo, medidas precisam ser tomadas, para que a qualidade desses serviços seja assegurada, criando e reformulando políticas públicas relacionadas à saúde auditiva.
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