AVALIAÇÃO DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO EM PESSOAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Santos, M. H. L. ;
Silva, M. H. S. ;
Fernandes, L. C. B. C. ;
Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por déficits significativos na comunicação e interação social, além de comportamentos restritos e repetitivos. Pesquisas apontam que respostas sensoriais atípicas em pessoas com TEA, especialmente auditivas, podem ser observadas por meio de potenciais evocados auditivos (PEA). Essas respostas mostram alterações, como aumento da latência da onda V e redução da amplitude do Mismatch Negativity (MMN), indicando disfunções no processamento auditivo. Esses achados são cruciais para a compreensão da etiologia e patogênese do TEA, melhorando diagnósticos e tratamentos relacionados à integração sensorial e comunicação. Objetivo: Analisar por meio de uma revisão integrativa de literatura os resultados obtidos a partir dos potenciais evocados auditivos de curta e longa latência em indivíduos com transtorno de espectro autista. Método: Esta revisão integrativa de literatura, realizada em janeiro de 2025, buscou responder à questão: "Quais as diferenças nos resultados dos potenciais evocados auditivos de curta e longa latência em indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA)?" Utilizando a estratégia PICO, foram analisados artigos observacionais, revisões de literatura e estudos quantitativos sobre a avaliação do PEA em indivíduos com TEA, disponíveis nas bases PubMed e LILACS via BVS. Os descritores utilizados foram "Potencial Evocado Auditivo/Auditory Evoked Potential" e "Autismo/Autism", combinados pelo operador "AND". Incluíram-se 7 estudos, sendo eles primários, texto completo em Inglês ou Português dos últimos cinco anos, excluindo-se teses, dissertações, duplicados ou incompletos. Os dados foram organizados e categorizados para uma análise detalhada dos achados. Resultados: Na busca foram obtidos 830 artigos, sendo 413 no PubMed, 410 na BVS e 7 na LILACS. Após a leitura e seleção foram eleitos 7 artigos para esse estudo. Foram identificados prolongamentos da latência e aumento de fase no PEATE em recém-nascidos posteriormente diagnosticados com TEA, especialmente no ouvido direito, similar às latências prolongadas em bebês mais velhos e crianças com TEA, possivelmente associadas a anormalidades anatômicas no tronco cerebral. A presença de biomarcadores PEATE sugere que o TEA pode estar presente antes do nascimento. Nos potenciais de longa latência, como MMN e P300, observou-se latência reduzida em respostas MMN em crianças autistas, enquanto o P300 mostrou variações na latência e amplitude, sugerindo diferenças no processamento auditivo em comparação com crianças neurotípicas. Conclusão: Conclui-se que os potenciais evocados auditivos, tanto de curta quanto de longa latência, apresentam variações significativas em indivíduos com TEA em comparação aos neurotípicos. O PEATE sugere predisposição neurológica ao TEA antes do nascimento, apesar de inconsistências metodológicas. Os ERPs, como MMN e P300, indicam diferenças sutis no processamento auditivo em crianças com TEA. O PEATE é considerado mais adequado para detecção precoce, oferecendo potencial para intervenções antecipadas e desenvolvimento de diagnósticos baseados em biomarcadores.
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