PROTOCOLO DO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO PARA O DIAGNÓSTICO DA SINAPTOPATIA COCLEAR EM HUMANOS: REVISÃO DE ESCOPO
Garrido, S. R. T. ;
Matos, H. G. C. ;
Cardoso, M. J. F. ;
Alvarenga, K. F. ;
Jacob, l. C. B. ;
Introdução: A sinaptopatia coclear (SC), ou disfunção sináptica auditiva, ocorre pela desaferenciação na transmissão dos sinais sonoros entre as células ciliadas internas e as fibras nervosas auditivas do gânglio espiral, resultando na interrupção permanente da comunicação e caracterizada por manifestações clínicas. As principais alterações são dificuldade de compreensão de fala na presença de ruído e zumbido, e ausência de alterações nos limiares auditivos tonais. Estudos indicam que a SC está associada a alterações no Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE), como a diminuição da amplitude da Onda I e valores aumentados da latência da Onda V e intervalos interpicos, especialmente entre I-V e III-V. No entanto, não há protocolos padronizados para a detecção da SC, justificando a realização de uma revisão de literatura para responder à pergunta de pesquisa: “Quais são os protocolos utilizados no registro do PEATE em humanos para o diagnóstico da SC?”. Objetivo: Descrever/investigar os protocolos para o registro do PEATE em humanos no diagnóstico da SC. Metodologia: Realizou-se uma revisão de escopo com base no PRISMA-ScR (Preferred Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews). Foram incluídos artigos em acesso aberto em português e inglês, sem restrição de data de publicação, foram extraídos das bases de dados Cochrane Library, LILACS, Scopus, BVS e PubMed. As palavras-chave da busca foram baseadas nos Descritores em Ciências da Saúde Medical Subject Headings. A estratégia de busca utilizou o operador booleano OR em conjunto com os descritores "Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico", "Sinaptopatia", "PEATE”, “Synaptopathy” e “ABR” (Auditory Brainstem Responses). Os artigos foram extraídos de agosto a novembro de 2024 e armazenados na plataforma Rayyan. Para mitigar potenciais vieses, dois pesquisadores independentes avaliaram a inclusão dos estudos com base em título e resumo. Foram extraídos 4.579 artigos, 1.435 foram eliminados por duplicação, entre os 3.144 artigos restantes, 3.019 foram excluídos por não atenderem à pergunta e/ou objetivo. Foi realizada a leitura completa de 34 artigos e a inclusão de 14 estudos. As variáveis extraídas dos artigos selecionados foram tipo de estímulo, intensidade, passa-filtro, taxa de estimulação e polaridade. Resultados: O estímulo mais utilizado foi o Click/clique na polaridade alternada, exceto um que usou polaridade rarefeita, com ajustes na intensidade, taxa de estimulação e filtragem de frequência. A intensidade variou de 70 dB a 105 dB nHL, sendo 90 dB nHL a mais utilizada. A taxa de estimulação variou de 11 a 234,4 cliques/s. As taxas mais altas (> 30 cliques/s) foram mais sensíveis para identificar SC, notando-se a redução progressiva da amplitude da Onda I com o aumento da taxa. Os filtros de frequência foram heterogêneos, geralmente entre 100 Hz e 3.000 Hz, mas também filtros mais restritos (100-1.500 Hz ou 30-3.000 Hz). Conclusões: Os diferentes e protocolos evidenciam a ausência de padronização nos estudos sobre SC, dificultando a comparação direta dos resultados. No entanto, os achados indicam que taxas de estimulação mais elevadas e intensidades supralimiares podem ser eficazes na detecção de alterações sinápticas por meio do PEATE.
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