A EFETIVIDADE DO TREINAMENTO AUDITIVO ACUSTICAMENTE CONTROLADO NO TRANSTORNO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: ESTUDO DE CASO
Silva, IV ;
MF, Colella-Santos ;
Introdução: A avaliação comportamental do Processamento Auditivo Central (PAC) tem sido uma importante ferramenta para crianças e adolescentes com dificuldade escolar. O objetivo deste estudo foi verificar a eficácia de um programa de Treinamento Auditivo comparando o desempenho inicial, nos testes de avaliação do processamento auditivo, com o desempenho após o Treinamento Auditivo Acusticamente Controlado (TAAC). Métodos: Este estudo faz parte de um projeto maior, aprovado pelo Comitê de Ética da instituição (parecer nº 6.216.032). Foi selecionado um indivíduo de 14 anos de idade, do sexo feminino, encaminhada por dificuldades escolares e queixas compatíveis com alterações no processamento auditivo, além de atenção e memória. A paciente foi submetida à avaliação comportamental do processamento auditivo central pré e pós Treinamento Auditivo Acusticamente Controlado(TAAC). Inicialmente foi realizada a avaliação audiológica básica constituída pela audiometria tonal liminar, logoaudiometria e imitanciometria(timpanometria e reflexos acústicos). Para avaliação do PAC, pré e pós TAAC, foram selecionados os testes de Localização Sonora, Sequencialização Sonora com Sons Verbais e Não-Verbais, Fala com Ruído Branco, dicótico não verbal (TDNV), Dicótico Consoante-Vogal (TDCV), Dicótico de Dígitos (TDD), Dicótico de Dissílabos Alternados (SSW), Reconhecimento de Frases com Mensagem Competitiva (SSI), Random Gap Detection Test (RGDT) e Teste de Padrão de Duração (TPD). Foi aplicado também o questionário Scale of Auditory Behaviors (SAB) pré e pós TAAC. A partir da análise dos resultados da avaliação do PAC, verificou-se que a paciente possuía Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) do tipo Global. Neste cenário, a adolescente foi convidada para realizar o TAAC, composto por oito sessões de 45 minutos. Por meio da plataforma afinando o cérebro, foram estimuladas as habilidades de Figura-Fundo (escuta monótica), Resolução temporal, Integração Binaural e Ordenação Temporal (atividades bottom-up). Além disso, em todas as sessões foram incluídas atividades top-down com enfoque em organização e memória auditiva verbal. Resultados: A paciente apresentou resultados normais na avaliação audiológica básica. No pré TAAC, as habilidades auditivas alteradas foram: Figura-Fundo para sons não linguísticos (TDNV - atenção livre) e linguísticos (TDD - orelha direita - e TDCV - atenção livre), e Ordenação Temporal (TPD). No questionário SAB, obteve a pontuação 16. Após o TAAC, a paciente normalizou todas as habilidades auditivas alteradas. Além disso, observou-se melhora no desempenho de habilidades auditivas previamente normais: Integração e Separação Binaural (SSW, e SSI em tarefa dicótica e monótica (MCI) na relação -10 e -15 dB), Figura-Fundo para sons verbais (TDCV - atenção direcionada direita e esquerda) e Resolução Temporal (RGDT). No questionário SAB sua pontuação subiu para 43. A família relatou melhora nas notas escolares, especialmente em Língua Portuguesa e Matemática, e na atenção. Conclusão: O programa de TAAC utilizado neste estudo mostrou-se eficaz nesta paciente com TPAC, uma vez que resultou em diferenças significativas no desempenho pré e pós-terapia nos testes, podendo ser verificada através da avaliação comportamental e do questionário SAB. O Treinamento Auditivo Acusticamente Controlado foi eficaz, pois possibilitou a normalização e aprimoramento das habilidades auditivas.
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