O TEMPO DE TELAS EXCEDE O TEMPO DE TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA PARA CRIANÇAS PEQUENAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA?
Martins, G. S. ;
Gomes, L. F. ;
Santos, I. R. D. ;
Brazorotto, J. S. ;
Introdução: A exposição precoce e excessiva às telas tem gerado preocupações sobre seus impactos no desenvolvimento infantil. Para crianças com deficiência auditiva, o aumento do tempo em frente às telas pode resultar em menos tempo para interações significativas e diminuir o interesse pela terapia, prejudicando significativamente seu desenvolvimento global. Nesse contexto, investigar o tempo de exposição às telas nesta população e compará-lo ao tempo dedicado à terapia fonoaudiológica pode contribuir para intervenções que otimizem a estimulação da criança e o uso saudável da tecnologia. Objetivo(s): Comparar a duração da terapia fonoaudiológica e o tempo de exposição às telas em crianças com deficiência auditiva. Metodologia: Estudo transversal, descritivo e analítico, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número de parecer: 3.440.683. Participaram 16 famílias de crianças com deficiência auditiva de diferentes tipos e graus, provenientes de quatro regiões do Brasil. Foram incluídas famílias de crianças usuárias de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) e/ou Implante Coclear (IC), com idades entre 0 e 3 anos, que responderam, por meio do Google Forms®, um formulário adaptado do Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF), que aborda a rotina da família com a criança e os recursos disponíveis no ambiente domiciliar. Além disso, foram incluídas questões relacionadas ao acesso à intervenção fonoaudiológica e ao uso de telas pelas crianças. Os respondentes permaneceram anônimos, não sendo identificados por e-mail ou nome. As respostas foram tabuladas em planilhas do Excel® e analisadas de forma descritiva e inferencial. Como os dados não apresentaram normalidade em sua distribuição, foi aplicado o teste de Wilcoxon para comparar o tempo dedicado à terapia e o tempo de exposição às telas, considerando-se significativo um valor de p < 0,05. Resultados: Observou-se uma diferença significativa (p-valor < 0,001) entre o tempo semanal que as crianças passam em terapia fonoaudiológica e o tempo de uso de telas (estatística de Wilcoxon: W = 0.00). A mediana do tempo semanal em terapia foi de 1 hora e 10 minutos, com valores entre 43,8 minutos (1º quartil) e 1 hora e 30 minutos (3º quartil), indicando que pelo menos 50% das crianças recebem terapia dentro desse intervalo. Já em relação ao tempo de telas, a mediana foi de 10 horas e 30 minutos semanais, com o 1º quartil igual a 3 horas e 30 minutos e o 3º quartil igual a 12 horas e 15 minutos, indicando tempo excessivo de telas em relação ao que é recomendado para esta faixa etária. Todas as crianças tiveram maior exposição às telas do que à terapia, sendo que o tempo de uso de telas ultrapassou, em média, sete vezes o tempo de terapia. Conclusões: Houve diferença significativa entre o tempo destinado à terapia fonoaudiológica e o tempo de exposição às telas em crianças pequenas com deficiência auditiva, com tempo de uso excessivo às telas para a faixa etária analisada. Assim, destaca-se que a rotina de uso das telas deve ser uma característica do ambiente familiar a ser considerada na reabilitação auditiva infantil.
DADOS DE PUBLICAÇÃO