DESAFIOS NA MANUTENÇÃO DO IMPLANTE COCLEAR EM CRIANÇAS: UM PANORAMA DAS NECESSIDADES DE FAMÍLIAS USUÁRIAS DO SUS
Santos, I. R. D. ;
Silva, D.M. ;
Lemos, G.A.A. ;
Brazorotto, J. S ;
Introdução: Embora exista a previsão de manutenção dos Implantes Cocleares (ICs) aos usuários do Sistema Único de Saúde, é importante que as necessidades dos usuários seja estudada, especialmente na população infantil, visto que o funcionamento e uso efetivos do implante coclear dentro do período ótimo de plasticidade são condições fundamentais para o desenvolvimento das habilidades auditivas e linguísticas das crianças e, os elevados custos das peças e manutenção, a escassez de mão de obra especializada e a falta de sistemas que regulem os processos de manutenção pelo SUS, oferecendo-lhes a transparência necessária, são desafios que comprometem a continuidade do uso e o desenvolvimento adequado das crianças. Objetivo(s): Caracterizar as condições de uso, manutenção e desafios enfrentados pelas famílias no manejo de implantes cocleares em crianças e adolescentes em um contexto de reabilitação infantil do Sistema Único de Saúde (SUS). Metodologia: estudo descritivo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer: 3.440.683, realizado por meio de levantamento de dados junto a 25 responsáveis por crianças e adolescentes com idades entre 01 e 16 anos, usuários de implantes cocleares. Foi aplicado questionário via Google Forms® com perguntas abertas e fechadas, sobre aspectos relacionados ao uso diário dos implantes, manutenção dos dispositivos e principais dúvidas e dificuldades enfrentadas pelas famílias. Resultados: 42,9% da amostra têm média de uso referida de 9 a 12 horas diárias. Em relação à manutenção, 66,7% das famílias enfrentam desafios com a substituição de peças, principalmente cabos, antenas e baterias, com custos elevados e dificuldade em sua reposição, com dependência do SUS ou a necessidade de contratação de planos de saúde para cobrir tais custos. As famílias destacaram a preocupação com a falta de acesso a peças de reposição e ao suporte financeiro para manutenção dos implantes cocleares, além de questionamentos sobre os direitos das crianças no SUS, incluindo o acesso a dispositivos e terapias de reabilitação. Conclusões: Menos da metade da amostra analisada referiu uso diário adequado do IC. As peças que mais comumente necessitaram de reposição foram cabos, antenas e baterias, sendo que foi unânime pelo relato das famílias nas questões abertas, os desafios enfrentados no SUS para a manutenção do IC, com a contratação da saúde suplementar para amenizar os custos e acesso às peças. A manutenção do IC na amostra estudada é um desafio e fator possivelmente estressor para as famílias. Nesse contexto, destaca-se a importância de intervenções que promovam a sua autonomia, o aumento de conhecimento sobre os dispositivos e o seu encorajamento na busca de seus direitos. Além disso, destaca-se como essencial a realização de pesquisas multicêntricas sobre a manutenção do IC, visando o fortalecimento da qualidade das políticas públicas aos usuários de IC no Brasil.
DADOS DE PUBLICAÇÃO