AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA DE P300 EM INDIVÍDUOS COM TEA.
Albernas, R. S. ;
Massih, C. G. P. A. ;
Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado pelo déficit na comunicação, prejuízos na interação e na relação interpessoal, além disso, apresenta desordens sensoriais que podem levar a déficits nas funções cognitivas devido às alterações no processamento perceptivo, inclusive o auditivo. O Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência (PEALL), também chamado de P300, é um teste que analisa a atenção, memória e a cognição dos pacientes. Trata-se de um procedimento auditivo, eletrofisiológico, objetivo e não invasivo, fundamental para entender o funcionamento e integridade dos processamentos auditivos centrais e das habilidades cognitivas do indivíduo com TEA. Objetivo: Analisar os achados das avaliações P300 realizadas em pacientes com TEA descritos na literatura científica, identificando alterações neurofisiológicas e sua correlação com aspectos cognitivos e comportamentais. Metodologia: Foi conduzida uma revisão sistemática seguindo as diretrizes PRISMA, ou seja, que busca novas conclusões através de materiais previamente elaborados. Foram analisados artigos em inglês, português e espanhol, nas bases de dados do PubMed, Scopus, Web of Science e Lilacs, com buscas realizadas com publicações entre 2020 e 2024, utilizando os descritores: “Transtorno do Espectro Autista” e “Potenciais Evocados P300”. Os critérios de inclusão foram: estudos originais com avaliação do P300 em indivíduos com TEA, uso de paradigmas auditivos ou visuais para elicitar o P300 e foram excluídos estudos com populações mistas sem análise específica de TEA, revisões narrativas e artigos incompletos. A qualidade metodológica foi avaliada utilizando a ferramenta CASP (Critical Appraisal Skills Programme), muito usada para análise qualitativa de revisões sistemáticas. Resultados: Foram identificados 367 estudos, dos quais 11 atenderam aos critérios de inclusão. Os resultados demonstraram que indivíduos com TEA apresentam alterações significativas no P300, incluindo latência aumentada e amplitude reduzida em comparação com grupos controles. Essas alterações foram mais frequentemente associadas a déficits no processamento auditivo e na atenção sustentada. Estudos também sugeriram correlação entre a severidade dos sintomas do TEA e as alterações no P300, indicando que essa medida pode refletir diferenças no processamento neural subjacente ao transtorno. Contudo, a heterogeneidade nos protocolos de elicitação e nas análises estatísticas dificulta a universalização dos resultados. Conclusões: O P300 se mostra uma ferramenta audiológica promissora para avaliar as alterações neurofisiológicas em pacientes com TEA, fornecendo insights sobre o processamento auditivo e cognitivo. Os resultados do P300 demonstram dados importantes sobre o monitoramento e acompanhamento da evolução nos tratamentos de treinamento auditivo de pacientes com TEA, com comorbidades de transtornos do processamento auditivo central (TPAC) e déficits de atenção. No entanto, a falta de padronização dos protocolos e nas metodologias de análise destaca a necessidade de mais estudos que utilizem abordagens consistentes e controladas. Dessa forma, investigações futuras devem explorar o potencial do P300 como biomarcador para o diagnóstico e monitoramento terapêutico no TEA, contribuindo para uma abordagem mais personalizada e eficaz no manejo desse transtorno.
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