VARIABILIDADE DA AMPLITUDE DA ONDA I DO PEATE EM ADULTOS JOVENS
Dantas, C. L. L. ;
Silva, M. G. P. ;
Araújo, E. S. ;
Introdução: A sinaptopatia coclear (SC) é caracterizada pela perda de sinapses entre as células ciliadas internas e as fibras do nervo coclear, sendo associada a queixas auditivas como zumbido e dificuldade de percepção de fala no ruído, mesmo com audiogramas normais. Assim, a onda I do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE) tem sido investigada como um possível biomarcador da SC, mas a variação de sua amplitude e a padronização de valores normativos ainda precisam ser exploradas. Objetivo: Investigar a variabilidade da amplitude da onda I em adultos jovens sem risco de SC. Metodologia: É um estudo observacional, descritivo e prospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, nº 7.060.084. Participaram cinco adultos (10 orelhas), entre 18 e 25 anos (média= 22 anos), sem queixas auditivas e sem perda auditiva em ambas as orelhas, conforme avaliação audiológica. Foram excluídos, indivíduos com perda auditiva e/ou alterações no sistema tímpano-ossicular. Os participantes foram submetidos ao registro do PEATE no equipamento Intelligent Hearing Systems, modelo “SmartEP”. Utilizou-se eletrodos de superfície posicionados em Fz (ativo), M1 e M2 (referências) e o terra em Fpz, com impedância inferior a 5 kohms. O procedimento foi realizado com estímulo clique em 80 dBNAn, apresentado em cada orelha separadamente por meio de fones de inserção 3A, com uma taxa de apresentação de 27.7 cliques/segundo, ganho de 100.000, filtro passa banda de 100 a 3000 Hz e 2000 estímulos. Para cada orelha foram realizados dois registros na polaridade rarefeita, e uma na polaridade condensada e alternada. A identificação da onda I foi realizada de forma cega por profissional com experiência na área, em dois momentos distintos, a fim de determinar a confiabilidade intra-examinador e a amplitude da onda I, em microvolts (µv) foi calculada pelo equipamento a partir da identificação da onda. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial com o software Jamovi 2.3.28 e adoção de p<0,05. Resultados: Por meio do teste de Shapiro Wilk verificou-se distribuição normal dos dados (p>0,05) e o coeficiente de Kappa indicou concordância perfeita intra-examinador. A amplitude da onda I foi de 0,18±0,09µv, 0,13±0,03µv e 0,15±0,06µv para as polaridades rarefeita, condensada e alternada, respectivamente. Na análise pareada pelo teste t de Student, verificou-se ausência de variabilidade da amplitude da onda I ao comparar dois registros com rarefação (p= 0,160), ademais, não houve diferença entre orelhas direita e esquerda em nenhuma das polaridades (p>0,05). Ao comparar a amplitude da onda I entre as polaridades, verificou-se que a rarefeita difere da condensada (p=0,020) e da alternada (p=0,045), mas não houve diferença entre condensada e alternada (p=0,166). Conclusão: A amplitude da onda I do PEATE apresentou estabilidade nas análises realizadas e ausência de variabilidade significante entre as orelhas, porém com diferenças entre polaridades, destacando maior amplitude na polaridade rarefeita. Esses resultados podem auxiliar na padronização de parâmetros normativos e futuras investigações do PEATE como biomarcador da SC.
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